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“A Invenção de Hugo (Hugo)” de Martin Scorsese


Aquilo que começa como uma fábula (ou conto de fadas) infantil, digna de Charles Dickens ou Mark Twain, culmina como uma das mais belas homenagens às origens do cinema. A História é grandiosa, a história (do filme) not so much!

Se o enredo peca, aqui e ali, por alguma falta de virilidade e deslumbramento, a realização de Martin Scorsese é de um primor invejável!
Depois de James Cameron e Robert Zemeckis terem demonstrado em definitivo com Avatar e A Christmas Carol, que o 3D, quando utilizado como ferramenta visual – e não apenas como forma de ganhar dinheiro – é uma imensa mais-valia para a experiência cinematográfica, agora chega a vez de Scorsese tirar todo o partido desta nova revolução.

Em Hugo, somos literalmente inundados por um mundo de fantasia e alegorias onde uma estação de caminhos de ferro parisiense assume pleno destaque. Lá encontramos uma série de típicas e coloridas personagens: o escrupuloso polícia (veterano da I Guerra Mundial) a cargo de Sacha Baron Cohen, o sábio livreiro (Christopher Lee), o enigmático lojista e ilusionista (Ben Kingsley), a ternurenta dona da pastelaria (Emily Mortimer), dois embevecidos jovens da terceira idade e uma imensidão de passageiros em constante correria.

Estamos nos anos 20 (do século passado), no meio deste imenso cenário vivo, encontramos uma jovem criança, de seu nome Hugo Cabret (Asa Butterfield). A sua única ocupação passa por garantir a manutenção dos múltiplos relógios da estação. O passado não foi muito generoso com ele e a única memória que guarda do seu pai (Jude Law), um habilidoso relojoeiro, é um boneco articulado mas que infelizmente nunca funcionou.
Hugo está seguro que nele está guardado uma última mensagem do seu pai e quando encontra na sua nova amiga Isabelle (Chloë Grace Moretz) a chave para colocar o boneco a funcionar entrará numa viagem inacreditável.

Afinal, de onde vêem os nossos sonhos? É isso que Scorsese e, umas décadas antes, Georges Méliès tentam responder (com este filme)!
O que torna tão primorosa e irónica a opção (do 3D) de Scorsese é que ela serve precisamente para contar um pouco da História esquecida do cinema global. Se agora temos a tridimensionalidade (e o CGI), noutros tempos a magia era obtida com ferramentas igualmente revolucionárias e maravilhantes… mesmo que agora possam parecer grandiosamente rudimentares!

Mais do que um filme, Hugo é uma homenagem às origens e ao futuro próximo do cinema, às suas potencialidades e às suas memórias.
Hugo é um manifesto de gratidão a todos os intervenientes do mundo do cinema e a todos os aspirantes a sê-lo!

Talvez seja injusto pedir mais mas não senti aquela arrepiante emoção de desvendar um imenso segredo! Faltou closure

E, infelizmente, não é melhor que The Artist!

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