“Assim Assim” de Sérgio Graciano
O filme só estreia para a semana mas o facto (Histórico!) de ter assistido a 2 filmes portugueses de seguida, faz com que, neste momento, este comentário se torne imperativo!
Curiosamente Assim Assim é a perfeita antítese de Tabu!
Se o filme de Miguel Gomes tinha um início penoso e um desenlace cativante, já a obra de Sérgio Graciano começa de forma sublime para depois ir perdendo grande parte do seu fulgor.
Se Tabu pecava pela qualidade (e mesmo ausência) de diálogos, Assim Assim vive e surpreende pela riqueza das frases proferidas pelos seus protagonistas.
Se o 1º explorava cenários naturais e distantes e uma história larger than life, o segundo vive de lugares comuns (da noite lisboeta) onde as pessoas mais do nosso dia-a-dia se relacionam e interagem!
Tabu (filmado a preto e branco) é o mais puro cinema de autor enquanto Assim Assim é uma obra comercial que podia ganhar vida através de diferentes formas (telefilme, série, sketch…).
Dito isto será fácil perceber que são INCOMPARÁVEIS!
Ainda assim estou convicto que fosse possível uma junção entre o que de melhor têm ambos e estaríamos perante um dos melhores filmes nacionais (e não só!) de sempre.
Centrando o comentário, em exclusivo, em Assim Assim, convém esclarecer, desde já, que este teve origem numa premiada curta-metragem (com o mesmo título). Após o prémio no Festival Shortcutz Lisboa, nasceu em Sérgio Graciano o desejo de a transformar em algo mais.
É assim, junto a Pedro Lopes (argumentista), que começa a montar esta longa-metragem tendo por conceito basilar aquilo que tornou a curta um sucesso: a riqueza dos diálogos, as mil e uma facetas das relações humanas e a naturalidade das situações.
No início encontramos dois amigos, Miguel (Ivo Canelas) e Duarte (Joaquim Horta), numa esplanada a beber um copo e a conversar sobre as suas relações amorosos. Na mesa ao lado, Margarida (Isabel Abreu) e Fred (Albano Jerónimo), mantêm uma conversa similar… mas numa perspectiva bem mais feminina. Daqui em diante serão vários os intervenientes que nos surgem na tela, desconstruindo as suas vidas, as suas relações e os seus (des)amores.
A larga maioria dos diálogos são verdadeiramente magistrais, pena é que o filme não apresente uma consistência que lhes faça justiça! A certa altura ficamos em dúvida qual a razão de tanta conversa e já não há remédio… infelizmente!
Foram bons momentos… cada um à sua maneira e sem grande ligação. Confirma-se o talento da dupla responsável pela curta-metragem mas precisam, rapidamente, de fugir aos estigmas da televisão para poderem almejar mais! Sem isso ficamo-nos, apenas, por uma boa experiência.
Foi pena mas não passou do suficiente!