“Amigos, Amigos… Sexo à Parte (Friends with Kids)” de Jennifer Westfeldt
E ainda dizem que o sexo não vende! Que outro motivo haveria para justificar o título do filme em Portugal?
Friends with Kids é uma obra invulgar. Uma comédia romântica, se assim se pode dizer, mas direccionada a um público bem mais maduro e exigente. Um público que não se deixa levar por qualquer baboseira ou piada fácil mas um público que reconhece as dificuldades e dúvidas dos casais retratados, os seus prazeres e as suas conquistas.
Durante quase 2h acompanhamos as desventuras de três casais díspares. Leslie (Maya Rudolph) e Alex (Chris O’Dowd), o primeiro a ter filhos e a sentir o peso da responsabilidade. Missy (Kristen Wiig) e Ben (Jon Hamm), os mais fogosos mas também os mais instáveis. Julie (Jennifer Westfeldt) e Jason (Adam Scott) que na prática não são um casal… pelo menos no sentido mais natural da palavra.
A parentalidade é quase em exclusivo o tema central do filme, pelo menos tudo gira em torno desse bichinho papão que parece amedrontar ferozmente uma geração que viveu a sua vida independente até aos limites. Mas o relógio biológico é implacável e (aparentemente) tudo vale para concretizar essa “obrigação” fisiológica e sociológica.
Esta aparente estabilidade é colocada em causa pela presença de uns diabretes amorosos, uma Megan Fox mais coerente do que o habitual e um charmoso (e volumoso) Edward Burns.
Até onde estarão homens e mulheres dispostas a ir para alcançar a tão prometida felicidade? Em resumo é esse o propósito fundamental do filme.
Mas desenganem-se aqueles que pensam que tudo isto é feito de forma nebulosa ou desensabida. Recheado de momentos bem humorados, o filme conduz-nos por entre os meandros da idade adulta, apresentando realidade tão complementares que facilmente permitirão a qualquer jovem adulto identificar-se com uma ou outra situação.
No entanto, as massas estão ainda longe dessas preocupações e irão, forçosamente, olhar para esta obra com alguma desconfiança e distanciamento.
Nos dias de hoje em que a larga maioria dos filmes destinam-se a um público mais jovem (dos 15 aos 25 anos, direi), é sempre apreciável a coragem em avançar com projectos mais maduros.
Por muito disparatadas que algumas cenas possam parecer há nelas uma verdade inquestionável!
… e bom gosto, acima de tudo!