“Haywire – Uma Traição Fatal” de Steven Soderbergh
A fama e o estatuto alcançado por Steven Soderbergh permite-lhe alternar filmes de grande orçamento e recheado de estrelas, com obras mais experimentais e revolucionárias.
Curiosamente este Haywire fica a meio caminho entre estas duas fortes tendências da carreira do cineasta. Se por um lado, está recheado de estrelas de elevadíssimo calibre, por outro, arrisca (tudo) ao entregar por completo o protagonismo a uma actriz totalmente inexperiente (ou quase) e mais acostumada a outros palcos… ladeados por cordas!
Gina Carano (é este o nome a memorizar!), estrela maior da luta livre norte-americana, interpreta uma ex-operacional dos black-ops que agora trabalha para uma empresa privada que executa trabalhos… difíceis.
Barcelona, Dublin e os estados de New Mexico e New York são alguns dos palcos onde Mallory Kane (Carano) irá pôr à prova os seus dotes operacionais e intelectuais enquanto tenta fugir a uma meticulosa cilada.
Se a protagonista é uma perfeita desconhecida (pelo menos para a 7ª arte), o mesmo não se pode dizer dos seus parceiros do grande ecrã. Michael Douglas, Antonio Banderas, Bill Paxton, Ewan McGregor, Michael Fassbender e Channing Tatum são os homens desta imensa trama que se vai desenleando à medida que vamos conhecendo os últimos dias de Mallory.
Para além da forma ardilosa como Soderbergh vai desmontando o enredo, o filme surpreende ao optar por apostar em cenas de acção totalmente coreografadas e com escassos efeitos especiais. Muito disto resulta do tremendo à vontade de Gina em protagonizar as suas próprias cenas, em virtude da seu à vontade nas artes marciais, recuperando alguma da magia dos filmes de outro tempos (vêem logo à cabeça os primeiros filmes do mais famoso agente secreto do mundo, 007!).
Nos tempos que correm a ausência de grandes efeitos especiais e de cenas mirabolantes poderá desencantar alguns dos espectadores mais novos, ávidos por um cinema mais visual e electrizante.
Em contrapartida, Haywire tem para nos oferecer um enredo suficientemente complexo e algumas cenas de acção de cortar a respiração! É que se percebe “perfeitamente” que no meio daquilo há mesmo alguém que está a levar a valer…
Como bónus ainda temos o prazer de ver evoluir na tela alguns dos mais carismáticos actores da actualidade. É verdade que cada um aparece apenas em breves trechos e que Gina ainda estará a alguns filmes de distância de se revelar uma actriz consistente mas não podemos deixar de gostar de Haywire.
Mais não seja porque não é todos os dias que vemos uma mulher a arrear tanta malta seguida!
Girl Power?!