“Os Piratas! (The Pirates! Band of Misfits)” de Peter Lord e Jeff Newitt
Depois de Chicken Run e Wallace & Gromit, os estúdios Aardman arriscam agora pelo mundo da pirataria.
Os bonecos de plasticina ganham vida em mais uma história hilariante e visualmente pitoresca (poderia ser de outra forma?) que atravessa mares, invade Londres e recupera algumas lendas britânicas como a Rainha Vitória, Charles Darwin ou o Pirata Capitão!
Apenas imaginar o trabalho que dá fazer um filme destes, em stop-motion e com bonecos e cenários em plasticina, chega a ser cansativo. Mas quando reflectimos sobre todos os milimétricos detalhes que compõem uma obra desta estirpe, é intuito concluir que só mesmo um grupo de loucos (e apaixonados pela sua arte) seriam capazes de tamanha façanha!
À frente deste grupo encontramos Peter Lord, um dos co-fundadores da Aardman (junto a Nick Park) que assume, novamente, a cadeira de realizador neste filme. Transmitindo o obrigatório humor britânico, o filme tira proveito da renovada fama dos filmes de piratas mas incutindo-lhes o cunho característico dos bonecos de plasticina!
Muito embora Os Piratas! sejam comuns aos títulos original e português, a versão nacional perde a verdadeira essência do filme e este “bando de desalinhados” define, como nada, o que assistimos.
The Pirate Captain (que na versão original tem a intrigante voz de Hugh Grant) lidera um sui generis grupo de piratas com bem mais vontade do que jeito para pilhar, roubar e afundar (barcos).
A sua maior obsessão é arrecadar o prestigiante prémio de Pirata do Ano mas não será tarefa fácil, é que para tal é necessário amealhar despojos inestimáveis e sem o mínimo talento não haverá sorte que resista.
O acaso fará a sua parte e este bando irá cruzar-se com algumas figuras míticas do espólio inglês que os ajudarão a atingir… Londres! Sim porque os seus objectivos, isso já é outra história!
Elogios à parte, é com extrema tristeza e alguma revolta que me deparei com a opção da distribuidora (nacional ou internacional?) em exibir o filme apenas na versão portuguesa (2D e 3D), não permitindo aos muitos cinéfilos nacionais comprovar a validade dos desempenhos de nomes grandes do cinema britânico como Hugh Grant, Martin Freeman, Imelda Staunton ou… Salma Hayek!
Os desígnios financeiros não podem justificar tudo. Se assim fosse quantos filmes (por exemplo portugueses) ficariam nas prateleiras em vez de serem exibidos nos nossos cinemas.
Exibir cinema é, também, uma obrigação artística de dar a conhecer as obras tal como elas foram feitas, não alheando os mais jovens nem, tão pouco, os mais crescidos que veem no cinema de animação uma arte tão ou mais atractiva que a imagem real.
Neste caso, vale bem mais pelo processo do que pelo resultado final.
Talvez na versão original este Band of Misfits soasse a algo bem mais prazeroso!