“Apanha-me esse Gringo (Get the Gringo)” de Adrian Grunberg
Mel Gibson pode ter os seus problemas pessoais, públicos, religiosos e jurídicos mas em frente da câmara, com a história certa e a personagem à medida, consegue convencer e deslumbrar como ninguém!!
De volta ao género (a comédia de acção) que o tornou famoso – quem não se recordo dos seus desempenhos em Lethal Weapon – o actor australiano parece “um peixe graúdo a nadar no seu imenso lago”! Cada detalhe, cada expressão, cada movimento surgem com extrema leveza e relevância, demonstrando que mesmo perante todas as distracções da sua vida pessoal e já a contar com invejáveis 55 anos, quem sabe nunca esquece!
O filme, caído de para-quedas no nosso país, teve uma gestação complicada (devido às questões já mencionadas) o que “obrigou” a um lançamento direct-to-DVD nos EUA, iniciando agora – mais de 2 anos depois de concluído – o seu percurso internacional. E é uma pena! Get the Gringo merecia outro percurso comercial.
Mel Gibson é um larápio com uma língua afiada que atravessa a fronteira entre os EUA e o México apenas para ser enclausurado numa peculiar e perigosa cadeia conhecida como El Pueblito (consta que a prisão é, de facto, verídica, tendo sido encerrada em 2002). Mas mais do que uma prisão, este organismo vivo é uma amalgama disfuncional de interesses e vivências que alberga presidiários, as suas famílias, mafiosos de primeira e os agentes mais corruptos que há memória.
É neste ambiente pérfido que o nosso protagonista terá de sobreviver, aliando a sua destreza militar- ou não fosse ele um ex-marine – à providencial ajuda prestada por um sagaz jovem de 10 anos (Kevin Hernandez).
Juntos eles irão enfrentar as mais desfavoráveis probabilidades.
Adrian Grunberg que vem acumulando experiência em diferentes obras (várias delas protagonizadas pelo próprio Mel Gibson), assume aqui, pela primeira vez, as rédeas de realizador. A avaliar por este ensaio, pode-se dizer que a sua carreira promete!
Se por um lado sente-se a liberdade que Mel teve para construir a sua personagem, por outro percebe-se o trabalho rigoroso na construção do ambiente certo e na coreografia que cenas mais intensas.
É este equilíbrio que nos seduz e faz deste Get the Gringo uma obra acima da média!
Noutros tempos (em que a imagem pública de Mel fosse mais consensual com o seu talento), o filme seria, certamente, uma das referências deste início de Verão cinematográfico. Tem acção, humor, drama e uma pitada de paixão para agradar a todos.
Oxalá funcione como um bom presságio para aquilo que Mel Gibson ainda tem para oferecer… pois seria um enorme desperdício se tamanhos atributos fossem inutilizados desta maneira.
Para já fica um óptimo comeback para apreciar no cinema… ou no conforto do lar.