“Moonrise Kingdom” de Wes Anderson
Ao fim de 5 filmes (Rushmore, The Royal Tenenbaums, The Life Aquatic with Steve Zissou, The Darjeeling Limited, Fantastic Mr. Fox) pode-se dizer que Wes Anderson já construiu um estilo próprio de cinema com uma riqueza e irreverência incomparáveis!
É verdade que os seus filmes abusam de um sentido nerd, imensamente peculiar e até exclusivo – está muito longe de agradar às massas – mas depois de nos rendermos à sua construção típica de personagens e enredos só podemos ficar fascinados a cada obra!
Moonrise Kingdom não foge, nem por um milímetro, a esta conceptualização. O omnipresente narrador transporta-nos, logo ao primeiro plano, para o universo-tipo do realizador norte-americano. Rapidamente somos “clarificados” quanto ao cenário de mais esta aventura, quanto ao ambiente familiar da larga maioria dos seus protagonistas e quanto a algumas das peculiares relações existentes entre eles.
Situado nos anos 60, a acção desenrola-se num pequeno arquipélago ao largo da costa de New England (bem perto do Canadá) onde um jovem e rejeitado escuteiro e uma deslocada menina de uma vasta família encetam uma romântica “fuga” através de míticos caminhos que os levam ao seu lugar mágico… Moonrise Kingdom.
Para além dos dois jovens protagonistas, Jared Gilman e Kara Hayward, o filme conta com nomes como Bill Murray (obrigatório na obra de Wes Anderson), Bruce Willis, Frances McDormand, Edward Norton, Tilda Swinton, Harvey Keitel e Jason Schwartzman (outro habitué por estas andanças!).
Perante esta amalgama de talentos, o humor refinado (e de alguma forma weird) de Anderson ganha especial relevo e autenticidade, deixando-nos facilmente rendidos a um universo que a maioria irá estranhar certamente.
Para gostar da obra de Wes é necessário ter bem presente que as leis da física, da química e do cinema estão lá para serem quebradas em favor de um história (e de um julgamento de valores) que realmente prende do início ao fim.
Desta vez o universo do escutismo é o ponto central do romantismo com que o realizador texano aborda qualquer tema. É um regalo ver transpostas para a 7ª arte alguns dos maiores estereótipos destes rapazes, ainda para mais com tamanha acutilância e sarcasmo. Mas é tudo feito com tal cuidado, malícia e respeito que só nos resta sorrir e admirar o talento!
A história acaba por revelar-se (ainda que propositadamente) demasiado ingénua e inocente mas o retrato andersiano deste microcosmos – dos escuteiros – e da dinâmica familiar de algumas das personagens é realmente ternurento!
Chega a dar vontade de voltar a ter 13 anos e de (re)viver aqueles tempos.
Melhor elogio que isso deve ser difícil!