“Desafio Total (Total Recall)” de Len Wiseman

Depois do intragável Conan, The Barbarian, os filmes protagonizados por Arnold Schwarzenegger nos anos 80 continuam a ser alvo de remakes ou sequelas (como foi o caso de Terminator… ainda que esse seja outra história!).

Isto para dizer que eles é que optaram por fazer o remake de um filme com pouco mais de 20 anos, por isso “aguentem-se” com as comparações!

Em termos conceptuais a versão, agora, assinada por Len Wiseman (o homem por detrás de Underworld) revela-se uns furos abaixo do “original”, fruto, essencialmente, do cenário escolhido.
Amantes ou não de ficção-científica, Marte será sempre um local bem mais atractivo do que a Austrália ou uma Europa dizimada por uma Guerra Química. Com o planeta vermelho eramos transportados, necessariamente, para um universo distinto, bem mais inventivo e com outro potencial.

Não bastasse, na versão de Paul Verhoeven as motivações de cada um dos protagonistas eram bem mais fáceis de enquadar e as consequências dos seus actos claramente percebidos. Ou seja, pese embora as críticas de que foi alvo em 1990, anos volvidos o filme continua(va) a ser uma referência do género!

No entanto, se perde em termos estruturais, a versão agora protagonizada por Colin Farrell reflecte com mestreia a evolução do cinema de acção nos últimos 20 anos. Um ritmo incessante, uma direcção artística de qualidade e um encadeamento narrativo que nos arrasta e arrasa (ambos no bom sentido!) por completo.

O actor irlandês já demonstrou arte e engenho para obras mais intensas mas, tanbém, sabe cumprir como herói de acção. Já no campo feminino, Kate Beckinsale confirma o seu maior à vontade nestas andanças enquanto o desempenho de Jessica Biel vale pelo esforço demonstrado.

Curiosamente a história acaba por seguir (à excepção do cenário) em demasia o filme anterior.
Douglas Quaid (Farrell) vive atormentado por um sonho recorrente que lhe deixa uma sensação de grande desconforto. Tentado a fugir a uma rotina que não lhe parece natural, recorre a uma empresa, Rekall, que promete aos seus clientes as melhores recordações possíveis.
A sua aventura de sonho irá transformar-se, rapidamente, num imenso pesadelo, no qual a sua amada esposa (Beckinsale) revela-se bem mais perigosa do que seria de esperar e em que a “mulher dos seus sonhos” (Biel) acaba por tornar-se uma ineperada aliada.
Mas será tudo, mesmo, real?

Comparações à parte, Total Recall, versão 2012, é um razoável filme de entretenimento que sabe usar as boas ferramentas que tem à sua disposição, nomeadamente os gadgets e o conceito original da novela de Philip K. Dick mas que revela demasiada relutância em esconder as suas principais lacunas.

Os mais novos irão, muito provavelmente, ficar consideravelmente agradados com o filme.
… e, estou certo, com imensa curiosidade para ver o que se fazia, em termos de ficação-científica (de entretenimento), em inícios da década de 90!

Afinal, nem tudo foi mau!

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