“O Cavaleiro das Trevas Renasce (The Dark Knight Rises)” de Christopher Nolan
Depois de ter deixado a sua marca em 2005 com Batman Begins e de ter redefinido o cinema de acção e aventura – pelo menos o baseado em super-heróis dos comics – com The Dark Knight, Christopher Nolan encerra (de vez?), a sua saga do Homem-Morcego!
Imagem de marca da abordagem de Nolan ao mundo dos super-heróis, a autenticidade das personagens, dos acontecimentos e dos engenhos utilizados transmitiram uma naturalidade e uma proximidade invejáveis entre o público e a história.
Nada disso muda neste 3º capítulo… antes pelo contrário! Sente-se em cada detalhe, em cada nova personagem que chega a este “mundo”, em cada surpresa da história, o compromisso máximo em tornar tudo o mais real possível.
Mas as virtudes de Nolan não se ficam por aqui. Bruce Wayne (ou Batman), assim como as demais personagens que com ele interagem, é um homem de sentimentos, de convicções e de ideias que são postos à prova a cada desafio, a cada percalço. Nada surge do acaso! É a emoção que conduz a história, mesmo que esta seja recheada de vertiginosas cenas de acção e virtuosismo.
É aqui que entra o talento dos protagonistas. Os resistentes desta saga, Christian Bale, Michael Caine, Morgan Freeman e Gary Oldman, não necessitam de apresentações! O seu trabalho permanece em grande nível quer em termos de empenho, quer de qualidade.
Quanto aos estreantes merecido destaque para Tom Hardy, com um vilão poderoso e assustador, mesmo cingindo o seu trabalho à expressividade dos seus olhos (e à largura de ombros)!
Num registo totalmente antagónico é igualmente um prazer ver Anne Hathaway encarnar uma personagem tão complexa de forma tão ligeira e elegante, fazendo esquecer (na minha opinião) o registo deixado por Michelle Pfeiffer em Batman Returns (1992).
Não querendo revelar em demasia a história, bastará dizer que passaram 8 anos desde os acontecimentos de The Dark Knight. Bruce Wayne (Bale) tornou-se quase num eremita, incapaz de se refazer do choque vivido anos antes.
Aproveitando a apatia do vigilante de Gotham um implacável terrorista, conhecido como Bane (Hardy), põe em prática uma habilidoso plano que visa à destruição plena da cidade e dos seus principais agentes.
Conseguirá Batman vencer (sozinho) nova batalha?
O único problema deste Rises é, única e precisamente, o seu antecessor.
The Dark Knight tinha a capacidade de colocar herói e vilão(ões) no mesmo patamar, num cenário em que a grandeza de um era proporcional ao desempenho do seu contraponto!
Aliado a este duelo tínhamos direito a algumas das mais deslumbrantes cenas de acção alguma vez vistas no cinema mas sempre com a obrigatoriedade de tornar tudo o mais próximo da realidade possível.
Rises estará ao mesmo nível de Batman Begins mas não chega a alcançar The Dark Knight.
Mas, também, como se poderia superar a (quase) perfeição… ?