“E aí…Comeu?” de Felipe Joffily
E aí…Comeu? Esta é certamente uma das perguntas mais recorrentes e irresistíveis entre amigos confessionais nos bares por esse Brasil a fora…
Mais do que isso, é praticamente um manifesto do universo masculino que serve de preâmbulo nesta ficção machista do Diretor Felipe Joffily. A comédia, de título aberto e despudorado, se debruça sobre os dilemas e frustrações deste mundo dicotômico homem-mulher e na dinâmica dos relacionamentos, brigas, desejos e traições.
O longa é protagonizado pela tríade de personagens Fernando, Honório e Fonsinho que reúnem-se assiduamente no bar “Harmonia” para trocar ideias sobre mulheres e sexo, eventualmente relacionando-as com suas vidas amorosas. Vidas que passam por momentos distintos e é justamente a partir desta heterogeneidade que a ação e a graça (ou desgraça) do filme transcorrem.
Fernando (Bruno Mazzeo) é abandonado pela esposa e se vê encantado pela vizinha adolescente, que parece retribuir o sentimento; Honório (Marcos Palmeira) é casado com a bela Leila e pai de três garotinhas, mas mantém uma relação fria com a esposa, que frequentemente ausenta-se de casa em programas noturnos sobre os quais jamais dá satisfação ao marido; e Fonsinho (Orciollo Netto) que é um escritor rico, fracassado e ninfomaníaco, com tara por mulheres casadas e cujos principais gastos são pornografia e prostitutas de luxo.
O contexto pode ser engraçado, mas além de um cenário perfeito para piadas prontas e diálogos impagáveis, a história sugere uma reflexão ao tentar entender o papel do homem diante de uma nova mulher. Preciso reconhecer e fazer um alerta que o filme não escapa de clichês e obviedades já desgastadas em nossa dramaturgia, como a piada sobre a diferença no órgão sexual da asiática (este é apenas um, dos muitos exemplos), mas procura compensar as previsibilidades do roteiro sem apelar para nudez ou grosseria gratuita.
O elenco apresenta performances competentes e é justo destacar a participação do garçom Seu Jorge (interpretado pelo próprio músico Seu Jorge) que atende aos três amigos.
Assim, a fragilidade do texto reside na falta de profundidade às figuras femininas, tornando o filme sexista além da conta, o que é uma pena, pois E aí… Comeu? poderia ter sido uma boa leitura do homem contemporâneo se tivesse sido menos literal nos diálogos e mais profundo na construção de suas mulheres.
Ainda assim um bom entretenimento para quem procura se divertir.
by Christian Falkembach