“Arbitrage – A Fraude” de Nicholas Jarecki
Percebe-se a tentação em incluir o complemento nacional ao título original mas convém esclarecer que ele é misleading, no mínimo!
Da wikipédia:
Arbritage – the practice of taking advantage of a price difference between two or more markets.
Fraud – is an intentional deception made for personal gain or to damage another individual.
Algo ligeiramente (ou bastante) diferente, não?
Depois de encaixarem muito bem em Shall We Dance, Richard Gere e Susan Sarandon voltam a ser homem e mulher mas, desta vez, as coisas não se vão resolver com alguns passos de dança magia.
A crise financeira e as suas diferentes ramificações, são o ponto de partida para uma história bem mais complexa do que seria à partida expectável. Se do ponto de vista pessoal a moralidade de Robert Miller (Gere) é perfeitamente deplorável, já no que diz respeito às questões profissionais o debate será bem mais extenso e ambíguo.
Mesmo no seu conflituoso e egocêntrico mundo, há algo de louvável na acção deste milionário e filantropo investidor no que se refere à sua iniciativa profissional. E não se pense que é fácil assumir uma posição, mesmo quando confrontados com algumas acções aparentemente inqualificáveis!
Graças a Richard Gere, que passados os melhores anos de galã continua a dar cartas em papeis mais intensos, somos conduzidos por um complexo labirinto de intrigas e (falsas) moralidades. A parte mais louvável do seu desempenho reside, precisamente, na capacidade de construir uma personagem intermitente mas apaixonaste que prende quase até ao fim.
Nesse momento entra Susan Sarandon e o filme confirma todos os pergaminhos.
Num tempo em que nem os super-heróis (veja-se Batman, por exemplo) são figuras consensualmente boas, os menos bons também têm direito à sua fatia de heroísmo!
É um filme sobre pessoas reais que vivem longe dos demais mas que não deixam de ser comuns mortais.
Parabéns aos intervenientes, em especial a Nicholas Jarecki, que com este seu filme de estreia deixa boas expectativas para o que aí há-de vir! Seguro no rumo que pretende, o realizador de origem checa tem depois a capacidade para dar a liberdade adequada aos seus protagonistas.
Um filme outonal… como o tempo lá fora.