“Comme un Chef (O Chef)” de Daniel Cohen
Se há coisa que nunca percebi muito bem é quem autoriza que certos filmes estejam disponíveis nas viagens de longo curso da TAP, antes de chegarem às salas nacionais.
Não é que queira apresentar queixa ou algo do género – bem jeito me deu! – mas faz-me um pouco de confusão ver um filme no avião (de forma perfeitamente legal) antes mesmo dele estrear no nosso país.
Dito isto, e mesmo tendo em conta que o filme não cumpriu a anunciada data de estreia em Portugal, 11 Outubro 2012, avançamos com o comentário.
O cinema francês tem alcançado imenso sucesso nos últimos anos – que se tem evidenciado pelo aumento significativo dos filmes francófonos a estrear no nosso país – não olhando ao género. Dramas, comédias, filmes de acção ou históricos, de tudo um pouco tem chegado ao nosso país!
Comme un Chef é uma comédia actual que lembra a momentos o original Le Dîner de Cons, por exemplo, pela sua simplicidade mas, também, pela subtileza com que aborda temas correntes de pessoas… normais!
Aqui temos Jean Reno, num papel ligeiro a que não estamos muito acostumados por cá e Michaël Youn (actor que desconhecia por completo, confesso) como seu parceiro de aventuras. É, então, em redor destes dois antagonistas que se desenrola uma comédia suculenta que tem o mundo da culinária e das estrelas Michellin como ponto central.
Alexandre Lagarde (Reno) é um conceituado chef de cozinha, senhor de um temperamento à altura, que vem sendo pressionar pela administração do restaurante com o seu nome a adaptar-se aos novos tempos e às novas tendências da boa comida. Apesar (ou consequência) da sua fama, a vida familiar de Lagarde é tão precária quanto a da maioria dos workaholics.
Por seu turno, Jacky Bonnot (Youn) é um romântico aspirante a chef, com extrema dificuldade em encontrar o lugar certo para demonstrar todo o seu virtuosismo… para além de ser um fiel admirador do “velho” Lagarde.
O acaso irá juntá-los atrás da mesma banca de cozinha e, ao contrário do esperado, um encontrará no outro a resposta aos seus maiores dilemas.
Sempre num tom bem humorado e sincero, o filme leva-nos numa viagem através do quotidiano parisiense de dois indivíduos perfeitamente normais e… sui generis. A haute cuisine é apenas o mote para um bom entretenimento e uma boa dose de gargalhadas.
Neste aspecto destaca-se a química evidenciada entre os dois protagonistas, especialmente fruto da capacidade de Reno em transformar o seu ar mais austero num óptimo catalisador para alguns momentos bem divertidos.
Em poucas palavras pode-se resumir, no filme ideal para se ver num avião.
Descontraí, diverte mas não deixa de fazer valer a sua perspectiva sobre a sociedade actual!
Um filme que merece chegar às salas de cinema nacionais e que com a devida divulgação, estamos certos, justificaria plenamente o investimento!
A ver vamos o que sucede…