“Paraísos Artificiais” de Marcos Prado
Confesso que o título do filme foi preponderante para assistir Paraísos Artificiais.
Tomar emprestado o nome que batiza o ensaio do poeta francês Charles Baudelaire sobre as drogas, era o prenúncio de um filme no mínimo interessante e tema pouco recorrente no cinema brasileiro.
E o prognóstico se confirmou. Mais do que isso, o primeiro longa-metragem do diretor Marcus Prado é denso!
O enredo é formado por Érika (Nathalia Dill), uma talentosa DJ que conhece Nando (Luca Bianchi) por meio de sua melhor amiga Lara (Lívia de Bueno) em um festival de música eletrônica, no qual os três vivem intensos momentos. A trama é apresentada de forma desfragmentada, recurso eficaz para manter a tensão narrativa apresentando paulatinamente o ponto de convergência entre o trio.
A trilha sonora é uma hipnose incitando a quem assisti ao filme a uma espécie de estado alucinatório em toda sua subjetividade. É um filme que conta uma história de amor em três atos, nascendo ao acaso em um universo paralelo no nordeste (Pernambuco), floresce em uma atrapalhada viagem à Europa (Holanda) e tem seu desfecho como fruto do destino nas praias cariocas (Rio de Janeiro).
A multiplicidade de cenários reforça o aspecto paradoxal e dual da obra, tudo é tão eletrônico quanto orgânico em Paraísos Artificiais.
É um filme que fala sobre destino, encontros e reencontros e reviravoltas. Mais do que isso, é um filme que fala sobre entrega e escolhas. Afinal, como escreveu Charles Baudelaire “Para digerir a felicidade natural, assim como a artificial, é preciso primeiro ter a coragem de engolir”.
Tenham todos uma boa viagem!
by Christian Falkembach