“A Vida de Pi (Life of Pi)” de Ang Lee
Sem dúvida um dos melhores e mais completos filmes do ano!
Life of Pi junta num só filme a qualidade e brilhantismo visual de obras como Avatar ou Hugo, a intensidade dramática e temática de Cast Away (o náufrago, Tom Hanks) ou We Bought a Zoo e todo o historial de obras imortais do realizado de Taiwan, como Lust, Caution; Brokeback Mountain ou Crouching Tiger, Hidden Dragon!
Será merecidissimamente louvado por críticos e público (provavelmente mais pelos primeiros do que pelos segundos) mas comigo não funcionou na plenitude e tenho muita pena… por mim!
Ao sair da sala não consegui sentir aquele arrepio na espinha que nos faz perceber que acabamos de presenciar uma obra-prima. Saí reconfortado, assustado, deliciado, até maravilhado mas, também, com a ingrata sensação que não me “acertou em cheio”.
Pi Patel (Surai Sharma, na maioria do filme) é um jovem indiano que sobrevive a um trágico naufrágio apenas na companhia de um temível tigre de bengala. Durante muitos e muitos dias os dois dependeram um do outro para sobreviver, vivendo impensáveis aventuras e dando um novo rumo à fé de um homem peculiar.
Ang Lee junta-se a nomes como Martin Scorsese, por exemplo, na lista de grandes realizadores dramáticos que aliam agora a componente visual (e a utilização do 3D) à parte mais espiritual e emocional do cinema.
Com recurso à mais avançada tecnologia, o filme cria algumas das mais belas imagens deste ano, num intenso e complexo jogo de cores, texturas, animais reais, mundos imaginários e uma tridimensionalidade envolvente.
Mas isso não quer dizer que todo o filme não seja uma longa viagem espiritual. Desde bem o início somos conduzidos para uma envolvência intangível que mesmo tendo origem numa desconfiança natural, acaba por revelar-se irrepreensível.
Há uma leveza, uma impetuosidade primitiva que nos leva a questionar todas as acções e decisões do(s) protagonista(s) mas que tem o dom de nos manter igualmente cientes de que perante situações extremas é bem mais fácil criticar do que executar.
Em suma, o grande atributo do filme é a sua capacidade em pegar no indescritível romance de Yann Martel e fazer-nos… crer!
É uma viagem, como nunca vimos antes no cinema…
Deixem-se levar!