“Seis Sessões (The Sessions)” de Ben Lewin
Um dos filmes revelação do circuito independente norte-americano chega agora ao nosso país, recheado de numerosos elogios quer pela coragem da sua temática (e abordagem), quer pela qualidade dos desempenhos dos seus 2 protagonistas.
Começando pelo fim, é realmente fantástico como uma actriz da qualidade de Helen Hunt (vencedora de um Oscar® por As Good as It Gets) se deixa expor desta forma, em prol de uma obra que tenta derrubar derruba preconceitos!! A sua terapeuta sexual é uma mulher sem rodeios mas, na mesma medida, emotiva e carinhosa. Sente-se a léguas a sua força mas, igualmente, a sua fragilidade e compaixão.
Ainda assim, e mesmo excluído nas nomeações aos Oscars®, John Hawkes, acaba por apresentar-nos o melhor desempenho do filme e um dos Melhores do Ano! Quem começou a reparar nele (como eu) em filmes como Winter’s Bone ou Martha Marcy May Marlene tem, no mínimo, dificuldade em compreender que seja realmente o mesmo actor! Física e espiritualmente Hawkes agarra, desde o primeiro minuto, esta personagem verídica de seu nome Marl O’Brien, um homem diferente que lutou sempre por ser mais e melhor… e consegui-o!
Totalmente paralisado, com a excepção da cabeça, por via de uma doença (polio) que o deixou sem movimentos desde criança, Mark O’Brien (Hawkes) é agora um homem maduro e formado mas com um problema diferente. Aos 38 anos, Mark pretende finalmente perder a virgindade e para ajudá-lo nesse complexo processo, ele irá recorrer aos préstimos de uma profissional com experiência em casos semelhantes. Cheryl (Hunt) tem a resposta para quase todas as questões de Mark, apenas não estará preparada para… ele.
O veterano Ben Lewin, fruto, quem sabe, da experiência ou da idade, não tem o mínimo de pudor em expor os seus actores, tratando questões normalmente sensíveis com uma naturalidade e espontaneidade incríveis. O sexo faz parte da vida de todos e se assim é, não haverá motivos a olhá-lo com o mínimo de estranheza, mesmo quando confrontados com a situação sui generis com que Mark se depara.
Desta forma, o filme, alternando momentos bem-humorados com outros extremamente sensíveis e delicados, acaba por chegar-nos a todos com de forma directa e descomplexada, demonstrando que, invariavelmente o preconceito está bem mais na cabeça de cada um, do que nos actos em si. Mark é um homem comum e tudo o que ele quer é ser encarado como tal, seja em que situação for!
Destaque, por fim, para a presença de William H. Macy. Apesar de surgir esporadicamente, os momentos em que Mark se “confessa” perante o padre Brendan são uns dos pontos altos do filme, evidenciando de forma precisa esta ambivalência entre o humor e o sério!
Um filme que promete quebrar muitas barreiras e que, no pior dos cenários, servirá para demonstrar o imenso talento de John Hawkes, um actor que em apenas 3 anos passou quase do total anonimato para uma das referências da representação nos EUA!!