“Lincoln” de Steven Spielberg
Lincoln, o filme, ficará para a História pelo retrato ímpar de um Homem único que numa época conturbada teve o discernimento de pensar mais além.
Neste capítulo, do Homem, é inteiramente justificável destacar o grandioso desempenho de Daniel Day-Lewis. O actor inglês que se prepara este mês para arrebatar o 3º Oscar® da sua carreira, encarna com extremo rigor e opulência um dos mais carismáticos presidentes norte-americanos de todos os tempos.
E se Abraham “Day-Lewis” Lincoln já justificaria plenamente o bilhete, Steven Spielberg – o maior cineasta/realizador vivo – volta again and again… and again a construir uma obra irrepreensível do ponto de vista técnico… e humano!
Em termos de recriação de época não há palavras para descrever a qualidade do trabalho desenvolvido. Os cenários, o guarda-roupa, os jeitos e as maneiras de todos fazem-nos acreditar em poucos segundos que estamos, de facto, em meados do século XIX.
Do ponto de vista humano, o episódio escolhido por Spielberg para retratar no seu filme sobre Abraham Lincoln garantia logo à partida o apego emocional de todos nós para com a História.
Reeleito para um 2º mandato e a braços com uma guerra civil que dura há demasiado tempo, o 16º presidente norte-americano, contrariando a opinião de grande maioria dos seus conselheiros, parceiros políticos e familiares, aposta tudo na aprovação da 13ª Emenda da Constituição dos EUA, que acabará, definitivamente, com a escravatura!
É, portanto, nessa implacável e histórica luta política (e humana) que o filme concentra atenções, aproveitando em paralelo por dar a conhecer a um público mais vasto, o homem que governou pelo povo, para o povo… e que se tornou um mito!
É um filme que prende do início ao fim, apesar de nunca se tornar tão viril como seria, à partida, expectável. O retrato do homem por detrás da figura histórica é de um requinte invejável, assim como o de uma era distinta mas não assim tão diferente da nossa.
De qualquer forma, fica no ar a ideia que o filme acaba por não tirar total partido de todo o seu potencial, quedando-se ligeiramente aquém do Melhor Filme do Ano.
De qualquer forma, para além do Oscar® de Daniel Day-Lewis não seria de espantar se Spielberg junta-se nova estatueta às já conquistadas com Schindler’s List e Saving Private Ryan, bem como outros prémios “técnicos” como a Banda-Sonora de John Williams ou a Fotografia de Janusz Kaminski.
Não é O melhor do ano mas é certamente DOS melhores do ano.
Mas será, sempre, uma inolvidável lição de vida!