“Transe (Trance)” de Danny Boyle
Que grande filme… e que grande nó da cabeça!
Em semana de estreia de Iron Man 3, Trance surge um pouco fora do radar e mesmo perante as favoráveis críticas que se iam lendo nada nos podia preparar para o que se seguiria.
Depois de Slumdog Millionaire e 127 Hours, Danny Boyle volta com um registo totalmente distinto que por muito confuso que possa parecer durante largos minutos, resulta num dos argumentos mais brilhantes dos últimos anos!
Tudo começa com um aparentemente bem planeado assalto durante um leilão mas que acaba por correr mal. Simon (McAvoy), o fiel ajudante do leiloeiro, acaba por se atravessar no caminho de Franck (Cassel) e perante o trauma sofrido pelo primeiro durante o confronto entre ambos, só restará ao criminoso recorrer aos serviços da psicoterapêutica Elizabeth (Dawson), como último recurso para descobrir o paradeiro do quadro entretanto desaparecido.
Passo a passo Boyle vai revelando um pouco mais dos segredos de cada uma das personagens, criando uma teia de tal como complexa que a dada altura somo “convidados” a deixar de tentar descobrir o que realmente aconteceu para nos render à ação que se vai desenrolando perante os nossos olhos.
E se o realizador tem aqui, um trabalho excecional, o mesmo terá de se dizer do desempenho dos 3 protagonistas. James McAvoy, Vincent Cassel e Rosario Dawson entregam-se por completo às suas personagens, desenvolvendo um trio (amoroso) que vai muito além da nossa imaginação.
Durante praticamente todo o filme, a ambiguidade de cada uma das suas personagens é representada de forma consistente, em prol de um desenlace inesperado.
Por esta altura muitos já terão deduzido (ou lido algures) que temos um twist que ajuda a dar sentido a muitos dos nós, teias e entrelaces criados por Boyle. O meu conselho é que não percam tempo a tentar descobrir o que acontece… nada vos terá preparado para isso!
Aproveitem a 1h40 de filme e se no final sentiram uma urgente necessidade em discutir, debater ou comentá-lo será apenas… natural! Trance é mesmo um daqueles filmes que vive muito para lá da sala de cinema.
Estamos muito longe mas não me parece muito arriscado dizer que John Hodge (desta vez em conjunto com Joe Ahearne) pode muito bem estar a caminho do seu segundo Bafta®, e da sua segunda nomeação aos Oscars® (depois de Trainspotting!).
É deste nível de argumento que estamos a falar!