“Hyde Park on Hudson (A Royal Weekend)” de Roger Michell
Como se pode comprovar mais abaixo, já lá vão alguns meses desde que vimos este Hyde Park on Hudson no cinema.
Na altura, em plena temporada dos prémios, comentava-se aqui e ali o brilhante desempenho de Bill Murray, num filme simples, direto mas capaz de retratar algumas das figuras mais preponderantes do século passado!
Como o próprio título o evidencia, o filme retrata um histórico encontro entre o Presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt (e a sua entourage) e a família real britânica (nomeadamente, o Rei Jorge VI), em pleno clima de pré-guerra.
Durante um mítico fim-de-semana, americanos e britânicos irão conhecer-se um pouco melhor, numa altura em que o choque de culturas e a tensão vivida no continente europeu (perante a ascensão do nazismo), ameaçava ferir susceptibilidades.
Na sua casa de férias, por longos momentos lugar de refúgio e descanso para um “debilitado” FDR (Murray), o governante norte-americano recebeu o rei e a rainha do Reino Unido (Samuel West e Olivia Colman) num fim-de-semana a todos os níveis memorável!
Não bastasse esse marco histórico, o filme conta, ainda, a (verídica) história de Daisy (Laura Linney), uma prima distante de FDR que assumirá pleno destaque nesse mundo… surreal.
Como rezavam as crónicas, o desempenho de Bill Murray é realmente fantástico. A sua representação do mítico presidente norte-americano – um homem complexo, para dizer o mínimo! -, justifica plenamente o filme e ajuda a tornar uma obra, de outra forma vulgar, num filme interessante.
FDR, pelo menos na versão Bill Murray, era um homem suculento. Carismático, mulherengo, espirituoso, imperfeito, e tantos outros chavões serviriam para descrever um Homem que, não restem dúvidas, deixou a sua marca na sociedade norte-americana e um pouco por todo o Mundo.
Destaque ainda para Laura Linney que funciona, com imensa precisão, de contrapeso ao protagonismo assumido por Murray, graças a um desempenho singelo mas pleno de timing e assertividade. É daquelas atrizes que temos pena de não ver mais vezes no cinema…
Muito para lá do politicamente correto, o filme deixa um retrato peculiar e íntimo de duas importantes figuras da História mundial que para lá da sua imagem pública e adequada, não deixavam de ser seres humanos de carne e osso.
É verdade que a momentos sentimo-nos quase como intrusos numa intimidade que não é a nossa mas é, também, destes pequenos apontamentos que nascem os mitos.