“Bling Ring – O Gangue de Hollywood (The Bling Ring)” de Sofia Coppola
Sofia Coppola começou com The Virgin Suicides, um filme simples e reservado mas que carregava consigo uma áurea intimista impressionante.
Seguiu-se o brilhante Lost in Translation e a partir daí as expetativas criadas em torno da filha de um dos mais conceituados realizados de todos os tempos (Francis Ford C.) começaram a toldar as avaliações.
Marie Antoinette separou mundos, os que amavam e os que detestavam a versão pop rock de uma França na eminencia da sua mais famosa revolução enquanto o subtil Somewhere, apesar de não ter criado opiniões tão extremadas acabou por passar bem abaixo do radar da fasquia.
The Bling Ring confirma a subtileza e naturalidade de Sofia para retratar pessoas. Homens, mulheres, crianças e, sobretudo, adolescentes que vagueiam muitas vezes sem destino mas sempre com um propósito.
Os mais jovens, rebeldes, (in)dependentes e ambiciosos, fashion addicted, star addicted e fame addicted são o alvo de mais um virtuoso ensaio sociológico. Uma história incrível, baseada em factos verídicos, que retrata, de forma precisa ainda que levemente caricatural, a juventude dos nossos dias.
Rebecca, Marc, Nicki, Chloe e Sam (Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson, Claire Julien e Taissa Farmiga, respetivamente) vivem em LA, bem perto do star system norte-americano (cinema, música, moda, etc.), por quem sentem uma vertiginosa atração, em contraste com a profunda indiferença perante tudo o resto, nomeadamente estudos, trabalho ou demais obrigações.
Uma brincadeira sem consequências de maior (isto há malta para tudo!) irá desencadear uma perigosa obsessão pelas casas, objetos pessoais e íntimos de algumas das mais famosas figuras de LA. E, como seria expectável, nem tudo irá correr pelo melhor!
Se Sofia demonstra amadurecimento, o mesmo se pode dizer a respeito de Emma Watson. A jovem atriz inglesa começa a ganhar asas (que a levem para longe de Harry Potter) e confirma as melhores indicações a respeito do seu talento. Mesmo à margem de grande parte da ação durante a primeira parte do filme, a última meia-hora pertence-lhe por completo, graças a um desempenho primoroso.
Destaque, também, para Chang e Broussard. Os dois jovens protagonistas acabam por revelar-se o foque central da história e cumprem com distinção a sua função. Estereótipos de uma geração consumida pelo desejo e a necessidade de tudo possuir (e roubar), os dois jovens são o reflexo das perigosas consequências de uma sociedade que privilegia o ter em detrimento do ser.
Ligeiramente aquem dos melhores projetos de Sofia, The Bling Ring é seguramente superior ao seu antecessor. Uma obra mais natural, mais próxima do grande público (especialmente o mais jovem) e plenamente atual!
Um filme obrigatório para a geração facebook!