“jOBS” de Joshua Michael Stern
A vida de Steven Paul Jobs dava um filme, ou até uma extensa mini-série, disso não temos (ninguém tem!) dúvidas! O fundador (juntamente com Steve Wozniak) da Apple Computers e figura incontornável da era da informação há praticamente 40 anos, viveu como poucos! Semeou inimigos, conquistou a admiração de milhões e tornou-se no símbolo de uma (ou várias) gerações.
Ashton Kutcher, visto por muitos como uma duvidosa escolha para o papel de protagonista (moda recorrente nos EUA, certo?) acaba por revelar um talento até agora impensável, replicando habilmente todos os tiques de um homem que, pensava-se, não teria segredos para ninguém.
O começo (ainda que demasiado longo) é competentíssimo, dando a conhecer um jovem cheio de ideias e de incertezas que procura o seu lugar no mundo. Infelizmente, à medida que nos vamos aproximando da atualidade, falta tempo para contar todos os detalhes (e por-maiores), obrigando Joshua Michael Stern a tomar opções.
Mesmo que caindo na subjetividade, sou obrigado a discordar do rumo escolhido. “Perde-se” demasiado tempo com a intriga palaciana em torno da queda e ascensão de Jobs no seio da Apple, em detrimento de uma visão mais humana e até tecnológica da vida desta figura incontornável dos nossos dias. Assume-se que nós (os espetadores) sabemos muito coisa e que desconhecemos muitas outras, ao invés de pegar num determinado aspeto e explorá-lo de início a fim.
Steve Jobs (Kutcher) estaria longe de ser um homem comum, ainda muito cedo na sua vida. O seu brilhantismo e dificuldade de socialização andaram de mão dada desde bem cedo, condicionando mas ao mesmo tempo dando asas para a loucura necessário ao génio.
Junto a Steve Wozniak (Josh Gad), Jobs irá fundar a Apple Computers, uma start-up de vão-de-escada (ou de garagem!) que se tornará na empresa mais valiosa do mundo em 2012.
No entanto, o seu percurso foi tudo menos linear…
Não restam dúvidas que ficamos com uma ideia diferente do homem por detrás do mito mas ficamos, também, com a nítida sensação de que há muito mais ou, pelo menos, muito melhor para contar.
Steve Jobs era humano, como a sua fatídica existência o pode facilmente comprovar, mas continuo a pensar que o que todos queremos saber/ver é a história de um génio que revolucionou o mundo como o conhecemos, mesmo tendo errado tantas vezes!
Faltou alma a um filme que não consegue escolher entre o Homem ou o Mito.