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“Turbo” de David Soren

Antes de mais, é sempre um prazer poder assistir ao cinema da animação na sua versão original, independentemente do país de origem.

Curioso apenas o facto de, nos últimos tempos, Turbo ser provavelmente o seu exemplo (cinema de animação destinado ao grande público) mais direcionado precisamente para o público infantil… 

Preâmbulo concluído, a mais recente animação da Dreamworks segue um pouco a dinâmica – “estilo montanha-russa” – que acompanhou a sua antevisão. Passo a explicar.

A ideia de um filme de animação com caracóis, ainda para mais viciados em velocidade surgia como um conceito com bastante potencial – pelo menos quando comparado com as múltiplas sequelas que se vão repetindo, também no cinema de animação. Algum tempo depois somos deparados com a sempre complexa coexistência cinematográfica (mesmo na animação) entre humanos e animais, o que acabou por esmorecer consideravelmente as expetativas. Prestes a estrear ficamos com a convicção que, apesar de tudo, o filme não deixaria de agradar os mais cépticos. Restava-nos esperar.

E como dizíamos, a dinâmica repete-se. Um início altamente promissor do filme em torno da vivência agrícola dos caracóis é comprometido, precisamente, pela opção em introduzir uma inenarrável relação entre espécimes e seres (aparentemente) inteligentes. Com isso o filme perde ritmo, conceito e riqueza, acabando por ser apenas salvo pela eloquência verbal de Ryan Reynolds, Samuel L. Jackson e, sobretudo, Paul Giamatti, três bens distintos… caracóis, como seria de esperar.
Lá pelo meio entra uma certa Indyanapolis 500… mas acho preferível nem ir por aí!

“Turbo” (Reynolds) não é um caracol igual aos outros. As rotinas do quotidiano no tomatal onde (sobre)vive deixam-no cada vez mais enfadado e o jovem “molusco” parece disposto a tudo para seguir as pisadas do seu ídolo, o piloto de corridas Guy Gagné (Bill Hader).
Numa noite de melancolia o jovem caracol é tocado pela mãos de… um carro com um motor a nitrogénio.
Do dia para a noite a sua vida deixará de ser a mesma e mesmo contra os sensatos conselhos do seu irmão (Giamatti), Turbo irá seguir o seu sonho de competir na famosa pista oval, lado a lado com o seu ídolo de sempre.
Porém, o percurso para lá chegar não será tão célere e rectilíneo como Turbo esperaria.

Percebe-se que as ideias estão lá mas é difícil de validar as opções tomadas na segunda metade do filme. De um momento para o outro, toda uma dinâmica construtiva é abandonada em favor de um rumo mais corriqueiro e, em nosso entender, cartoonista.

O mural da história é apelativo e motivador mas surge demasiado infantil e irreal. David Soren mesma na sua estreia como realizador, teria obrigação de fazer um pouco melhor, tendo à sua disposição outros rumos, onde a qualidade artística do filme, pudesse ser mais valorizada e devidamente engrandecida.

Não soa totalmente a desilusão mas numa era em que o cinema de animação é uma arte altamente prestigiante e cativante, não basta cumprir os mínimos, é preciso chegar ao pódio!

Foi bonzinho. Podia ter sido bem melhor.

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