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“Your Sister’s Sister (Entre Irmãs)” de Lynn Shelton


E pensar que deixei esta preciosidade escapar nos cinemas nacionais!

Não querendo justificar o injustificável mas a opção de estrear o filme em plena época de Oscars, acabou por condicionar a sua visibilidade no nosso país, “obrigando” até os mais inveterados a ter de fazer escolhas (provavelmente, erradas).

Depois do premiado Humpday, Lynn Shelton volta a demonstrar toda a vitalidade do cinema independente norte-americano com um filme fantástico, onde 3 grandes atores e uma cabana são mais que suficientes para construir uma narrativa vibrante e emocionante.

Emily Blunt, Rosemarie DeWitt e Mark Duplass formam um triângulo amoroso amoroso triângulo cujas vidas se irão interligar definitivamente num fim-de-semana de retiro e introspeção.

Um ano após a morte do seu irmão, Jack (Duplass) continua com bastante dificuldade para superar a perda e lidar com as memórias passadas. Numa última tentativa de ajudá-lo Iris (Blunt), ex-namorada do falecido Tom, intima-o a deixar tudo e retirar-se para a remota cabana da família, onde ele encontrará a paz (de espírito) necessária para reorganizar as suas ideias (e a sua vida).
No entanto, à chegada de Jack, a cabana está já ocupada por Hannah (DeWitt), meia-irmã de Iris e, também ela, a atravessar uma crise existencial.
Durante alguns dias, os 3 irão partilhar experiências, dúvidas e não só!

Recheado de pequenos detalhes refinados, de grandes diálogos e de uma simplicidade abismal, o filme desenrola-se num ritmo e num espaço tão próximo que nos sentimos quase como parte integrantes da ação. Misturando humor, drama, raiva e surpresa com extrema habilidade Lynn Shelton faz um retrato impressionantemente íntimo das relações humanas, das diferentes sensibilidades que cada um de nós tem e da dificuldade em exprimir os nossos sentimentos e lidar com eles!

Amizade, família, projetos pessoais e a dificuldade em lidar com a perda dos entes-queridos. As memórias, os traumas do passado, a esperança no futuro e os planos que nunca se cumprem. O amor, a paz interior, a reconciliação e uma cabana. É disto que vive (literalmente) o filme.

De sentimentos e de desempenhos. Blunt, DeWitt e Duplass parecem arrancar do seu próprio corpo e das suas próprias vivências muito do que e vê na tela. Só mesmo com muito gosto e dedicação (e talento) se poderia chegar a um resultado deste nível!

Nunca a expressão “o amor e uma cabana” teve tantos significados, visões e explicitações num filme apenas.
E pensar que foi tudo feito com meros 100.000 euros…

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