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“Blue Jasmine” de Woody Allen


Numa semana em que começamos a falar seriamente dos primeiros candidatos aos Oscars® deste ano (The Butler, nomeadamente), Cate Blanchett parece ter ouvido o prenúncio e apresenta-se num registo soberbo.

A atriz australiana (vencedora de um Oscar® de Melhor Atriz Secundária por The Aviator) preenche por completo a tela de início ao fim do filme, indo muito para lá do típico neuro-paranóico protagonista de qualquer filme de Woody Allen.

A sua (Blue) Jasmine é muito provavelmente a melhor personagem criada pelo realizador nova-iorquino nos últimos 10-15 anos, rivalizando apenas com Maria Elena (Penélope Cruz em Vicky Cristina Barcelona). Num duplo registo, contrapondo a total futilidade de New York, com a profunda depressão de San Francisco, Blanchett personifica a perfeita definição do Yin e Yang. Só por ela vale, plenamente, o bilhete de cinema.

O problema começa daqui para a frente.
Para lá do propósito de criar o enlace necessário para o brilhantismo de Cate, o enredo de Woody deixa demasiado a desejar. A história da crise financeira, dos excessos e das “tias” de NYC já não são novidade – mesmo na 7ªarte – e por muito que a visão do experientíssimo realizador seja sempre de um virtuosismo acima da média, falta chama e engenho num desenlace amorfo e pouco surpreendente… demasiado próximo de Arbitrage.

A braços com uma dolorosa separação – não do seu marido mas do estilo de vida que levava em NYC – Jasmine é “obrigada” a procurar abrigo na casa da sua irmã (Sally Hawkins) em San Francisco. Ainda que criadas sob o mesmo tecto, Jasmine e Ginger nada têm em comum, sendo o mais marcante o luxo com que Jasmine vivia em NYC (rodeada do jet-set nova-iorquino), em contraste com a simplicidade da vida trabalhadora de Ginger.
Enquanto acompanhamos a difícil coexistência das duas irmãs e a influência que cada uma tem na personalidade da outra – especialmente agora que se cruzam diariamente -, vamos conhecendo os minuciosos detalhes que conduziram Jasmine até… à depressão.

Para lá dos desempenhos irrepressíveis – onde se deve incluir Sally Hawkis – sente-se a falta da uma visão mais abrangente, cada vez mais recorrente no cinema de Allen, por via do seu percurso Europeu. Não se exigia que o filme nos fizesse apaixonar por San Francisco (como o fez por algumas das cidades europeias percorridas nos últimos anos) mas faltou outro atrativo para além dos atores.

Match Point, Midnight in Paris e, igualmente, Vicky Cristina Barcelona serão obras bem mais completas, mais concludentes e mais surpreendentes.

Blue Jasmine é um bom filme mas não chega a ser arrebatador.

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