“Desligados (Disconnect)” de Henry Alex Rubin
Fez lembrar Magnolia…
Fez lembrar Crash…
O filme mosaico é, salvo outra categorização mais detalhada, o género cinematográfico mais apreciado cá pelo burgo. A interligação de pessoas, histórias e sentimentos é uma arte, per si, e quando aplicada de forma competente, o resultado é realmente fantástico!
Disconnect explora com grande ironia e maior propósito o mundo atual, no qual as ligações humanas são cada vez mais raras e complexas, em detrimento de um contato virtual onde muitos se refugiam e outros se revelam.
Esta interligação de histórias onde as ligações humanas são quase impossíveis, cria um todo profundamente disfuncional, imprevisível e inquietante. E tudo parece tão real!
O rol de desempenhos é extraordinário. Sem qualquer estrela do primeiro filamento (critério recorrente nos filmes mosaico), os nomes de Jason Bateman, Hope Davis, Paula Patton, Frank Grillo, Andrea Riseborough e dos suecos Michael Nyqvist e Alexander Skarsgård acabam por ser os mais sonantes. De qualquer forma, mais do que os atores, o mérito está na riqueza das personagens!
O estreante Andrew Stern é responsável por um argumento riquíssimo onde para lá da qualidade dos pequenos detalhes e das subtis nuances, salta à vista a atualidade de TODAS as histórias. Numa era onde a tecnologia, o virtual e o contacto digital assume cada vez maior preponderância no quotidiano de todos nós, o filme coloca a nu muitas das contradições deste novo mundo.
Com as emoções à flor da pele, somos conscientemente maneatados por uma realização (Henry Alex Rubin) e montagem vertiginosas que mantêm todos e cada um de nós em permanente estado de alerta… e comoção.
Vizinhos, colegas de trabalho e da escola, pais e filhos, amigos reais e virtuais, casais, amantes, e a realidade crua e dura. As relações humanas são o mote para uma série de histórias onde as fragilidades do ser humano são exploradas sem rodeios.
Depois do sucesso no documentário – inclusive com uma nomeação ao respetivo Oscar, por Murderball – Rubin confirma o seu imenso talento, também, na ficção.
Mais não seja, ninguém lhe tira o prémio de Maior Surpresa/Revelação do Ano!
5*