“Fuga (Mud)” de Jeff Nichols
Em meia dúzia de anos e com apenas 3 filmes – Shotgun Stories, Take Shelter e este Mud – Jeff Nichols tornou-se numa das principais referências da nova geração de cineastas norte-americanos, fruto de uma sensibilidade e uma abordagem distintas.
Pela primeira vez sem o seu ator fetiche, Michael Shannon, como protagonista (voltará a sê-lo já no próximo ano, em Midnight Special), o realizador e argumentista do Arkansas conta, desta vez, com um regenerado Matthew McConaughey em ano de eleição.
O ator do Texas abandona (finalmente) a sua imagem de galã para arriscar numa nova abordagem, mais íntima, mais exigente, mais gratificante. Mud está longe de ser um indivíduo uni-dimensional ou sequer fácil de classificar. Há algo de misterioso, algo de imprevisível, algo de corrosivo num homem que carrega a sua cruz (literalmente!).
Quando Ellis e Neckbone (Tye Sheridan e Jacob Lofland, respetivamente) descobrem, numa pequena ilha no delta do rio Mississippi, um barco preso no topo de uma árvore estavam longe de imaginar que alguém (já) morava lá. O enigmático e apaixonado Mud vive refugiado naquela pequena ilha enquanto aguarda o momento certo para resgatar a mulher… da sua vida (Reese Witherspoon).
Com a ajuda dos dois miúdos, e de mais um ou outro insuspeito, a espera apesar de dura (e reveladora) não será longa.
Para além do “dilema de Mud” há bem mais a desvendar… ou não fosse Nichols um exímio contador histórias. Essa América profunda onde pontuam figuras peculiares, hábitos estranhos e relações humanas bem decalcadas pelo tempo, apresenta-se como um ótimo cenário para dois jovens amigos iniciarem a sua formação como homens.
Quanto a Matthew, primeiro que tudo, é realmente estranho vê-lo com a sua nova fisionomia e aspeto a condizer. Sem os demais apetrechos, só o talento de um ator competente e confiante pode tornar as suas personagens fiáveis e verdadeiras. O primeiro passo está dado. Consta que ainda este ano teremos o Dallas Buyers Club para confirmar o quão longe o texano chegou. No entretanto, Mud servirá para o olharmos com outra atenção.
Em suma, um retrato diferente de uma América pouco conhecida mas que tem bem mais a “oferecer” do que aquilo que salta à vista num primeiro olhar.
Nichols já fez melhor… mas continua a ser diferente.
O filme é bom, tem um bom elenco e uma banda sonora agradável mas não passa disso.
Este comentário foi removido pelo autor.