“O Verão da Minha Vida (The Way, Way Back)” de Nat Faxon e Jim Rash
De vez em quando, mais frequentemente do que se pode julgar, o cinema independente norte-americano tem para nos oferecer pérolas cinematográficas deste calibre. Histórias simples, recheadas de significado, emoção e uma ternura tocante, fazem sorrir, chorar, sentir… e dão (muito) que pensar!
A colagem a Little Miss Sunshine e Juno é evidente – mesmo no poster oficial do filme – e o mesmo destino parece-lhe reservado. The Way, Way Back é daquelas obras que merece uma nomeação ao Oscar® de Melhor Argumento Original (talvez não a estatueta) pela forma aparentemente banal como conta uma história dos nossos dias.
Curiosamente a questão temporal é algo caricato durante o filme. Há evidentes sinais de que o filme se situaria nos anos 80 mas um ou outro apontamento tecnológico tornam isso inverosímil. Só depois, no regresso a casa, soube o porque dessa incongruência. A ideia dos responsáveis do filme seria fazer essa “viagem no tempo” porém, questões orçamentais não o permitiram e a solução passou por remediar o problema.
De qualquer forma a história seria tão atual naquela altura como hoje. Um miúdo (Liam James) vive um intenso período de incerteza e insegurança quando a sua mãe (Toni Collette) o obriga a acompanhá-la numas férias de verão com o seu novo namorado (Steve Carell). A viver o trauma da separação dos pais e do mal caráter do seu futuro padrasto Duncan encontrará refúgio num part-time no parque aquático da estância balnear.
Longe do complexo (des)equilíbrio familiar o jovem conhecerá novas pessoas, irá fazer grandes amigos e descobrir um pouco mais de si mesmo… e dos seus.
Nat Faxon e Jim Rash, saltaram para as luzes da ribalta ao partilhar com Alexander Payne o Oscar® de Melhor Argumento Adaptado por The Descendants. Atores de formação ambos estrearam-se na realização de uma longa-metragem (adaptando um argumento também da sua autoria) e o resultado é, de facto, pitoresco. Há uma liberdade, um espírito saudosista e uma franqueza invejáveis na forma como vai encadeando os pequenos novelos que compõem esta história.
Dos desempenho, para além do brilhante trabalho do jovem Liam, destaca-se um muito pouco convencional (e habitual) Steve Carell e o enérgico Sam Rockwell, um ator que tarda em encontrar o local e o filme certo para ganhar outro reconhecimento. Deste trio, mais do que qualquer outra presença feminina – sem desprimor, obviamente – vive uma obra honesta e emotiva.
Os norte-americanos pode ter fama de só fazer blockbusters e filmes sem grande sentido mas, como em tudo na vida, há exceções que confirmam as regras… e esta é uma bela exceção!
Um filme para descobrir numa sala de cinema bem quentinha, mesmo que o titulo original e o nacional despistem, por completo, do que há para ver.
Porque ainda há filmes assim!
Eu tenho uma opinião bastante diferente, a meu ver este filme foi uma das desilusões do ano. 2*