“Plano de Fuga (Escape Plan)” de Mikael Håfström
Que Arnold e Sylvester estão “de regresso” até o mais desatento dos cinéfilos já tinha reparado, a notícia é mesmo estarem a partilhar o protagonismo (vá, The Expendables 2 não conta, ok!)!
Escape Plan (que já foi The Tomb e Exit Plan) representa o sonho de um qualquer amante dos filmes da série B dos anos 80. Quase 30 anos depois (e os anos passaram por todos, meus caros) estes dois pesos pesados do cinema de ação (outrora assumidamente, arqui-inimigos) combinam com perfeição num filme cativante, inteligente e explosivo.
Os níveis de testosterona já não são os mesmo, obviamente, por isso já não basta distribuir uns quantos murros e pontapés a preceito. Em contrapartida, o carisma está todo o lá, mais saliente do que nunca, e com um argumento surpreendente e bem humorado a dupla italo-austríaca não perdoa!
Ao leme o sueco Mikael Håfström. Após algumas experiências com pouco sucesso nos EUA, o realizador de Ondskan (Cruel, em Portugal), nomeação ao Oscar® de Filme Estrangeiro em 2003, agarra com unhas e dentes esta nova oportunidade e pode muito bem ter garantindo mais uns quantos cheques chorudos. Logicamente que o seu trabalho limitou-se, em grande parte, em dar espaço ao protagonismo de Stallone e Schwarzenegger mas, muitas vezes, está na simplicidade e humildade a maior das virtudes.
Ray Breslin (Stallone) é um especialista em segurança que ganha a vida a fugir de prisões. Contratado pelo estado norte-americano para atestar, in loco, as lacunas das suas principais instalações de alta-segurança, Ray e a sua equipa não perdoam.
Até que num serviço mais delicado, Ray é introduzido num estabelecimento privado. Abatido, torturado, desamparado e exilado do exterior, Ray acabará por unir forças com Emil Rottmayer (Schwarzenegger) e aquilo que antes não era mais do que uma tarefa (rotineira), torna-se numa obrigação de sobrevivência.
Bom ritmo, bons desempenhos – com a excepção do estereotipado Jim Caviezel -, uma boa dose de porrada da velha e um toque certeiro de revivalismo, faz deste Escape Plan um filme competentíssimo.
Acima de tudo, há toda uma coerência e consistência ao longo do filme que o separa dos seus semelhantes. E claro, tem Arnold e Sylvester!
Gostei mesmo. Saí da sala convencido do talento destes dois senhores da 7ª arte que apesar dos seus 65 anos continuam cá para as curvas. É que acima de tudo, há uma perfeita noção das suas limitações, da sua imagem pública e do que representam para o cinema.
E quando não inventam (muito), só pode correr bem!