“Pai Por Acaso (Delivery Man)” de Ken Scott
Ken Scott conquistou um Gennie – Prémios do Cinema Canadiano – de Melhor Argumento Original em 2012, graças à inspirada história de Starbuck, um “profícuo” dador de esperma.
O sucesso da versão francófona foi motivo mais do que suficiente para Hollywood aliciar o realizador e argumentista a assinar uma versão norte-americana da mesma história, agora com Vince Vaughn como protagonista.
A história transfere-se para Manhattan onde David (Vaughn) apesar do seu estilo de vida algo incerto e pouco recomendável, semeia amizades e embaraços. Mas essa leviandade está para sempre condenada (ou nem tanto!) quando David fica a saber que a sua namorada (Cobie Smulders) está grávida… e que ele é o pai biológico de mais de 500 jovens!
No início da sua vida adulta, David foi um assíduo doador de um banco de esperma e cerca de 20 anos depois, alguns dos seus “filhos” pretendem obrigar a clínica a revelar a sua identidade.
Para lá da questão jurídica por detrás da reivindicação dos “irmãos”, o filme acaba por surpreender pela forma bem humana como gere um assunto tão delicado. A presença de um artista como Vaughn – que nos tem vindo a habituar a alguns inspirados “números” de comédia – daria a entender que o humor seria o principal (senão único) elemento a retirar deste filme. No entanto, sem nunca renegar essa tendência, Ken Scott vai mais além e constrói uma narrativa bem mais emotiva e sensível do que esperaríamos à partida.
Depois de The Internship – onde surgia lado a lado com o seu parceiro de aventuras – Vince, lá do alto dos seu 1,96m, volta a interpretar este ano um bonacheirão bem intencionado (a sua imagem de marca) mas acrescentando-lhe aqui algumas qualidades inesperadas. Com isso o filme ganha uma dimensão mais séria mas, igualmente, mais atrativa e próxima.
Entramos na sala na expetativa de 1h45 de bom humor e saímos de lá a pensar…
… e foi bom.