“Mandela: Longo Caminho para a Liberdade (Long Walk to Fredom)” de Justin Chadwick
A História é grandiosa… já a história do filme não é assim tão efusiva mas também ninguém esperaria que o fosse.
Nelson Mandela é uma daqueles figuras que ficará para sempre ligado à História de um país, de uma (mesmo várias) geração, de um marco histórico. A sua história de vida já seria mais ou menos conhecida do grande público. Chega-nos agora uma versão cinematográfica com o imenso Idris Elba no papel do líder sul-africano.
Conhecemos um Mandela bem mais jovem do que estamos habituados. A sua vida pessoal, profissional e familiar ainda antes de se tornar um ativista num país governado por um poder absoluto e racista. A sua ascensão e a luta por um ideal igualitário. A vida na prisão e o intenso processo de libertação de um homem e de um povo.
Uma vida intensa, enorme e complexa que Justin Chadwick tentou transpor para pouco mais de 2h de filme. A primeira conclusão que se posso tirar é que a vida de Mandela não cabe numa sala escura e numa tela, por muito grande que ambas sejam. E quando se junta uma explosiva Winnie Madikizela (uma tremenda Naomie Harris), aí não há 7ª arte que resista.
O inglês Justin Chadwick (cuja folha de serviços conta apenas com o insípido The Other Boleyn Girl) não teve mãos para decifrar tamanha grandiosidade. Tal como tínhamos afirmado recentemente a propósito da adaptação da biografia de outro vulto maior dos nossos tempos (jOBS), há vidas demasiado GRANDES, relevantes e interessantes para serem resumidas em apenas um filme. No caso de Nelson andela uma mini-série com meia-dúzia de episódios de 60m ou 90m seria o mais apropriado.
Ficamos a conhecer mais alguns pormenores da vida deste senhor – alguns até pouco abonatórios – mas ficamos com a plena sensação que o filme não consegue captar a magnitude de um homem que perdurará muito para lá dos nossos dias. Um homem que viveu como poucos, que sofreu como ninguém e que foi único na altura de marcar a diferença.
Idris Elba poderá almejar a uma nomeação aos Oscars, assim como Naomi, na categoria de Atriz Secundária. O filme pode ter as suas lacunas mas Madiba e Winnie são figuras de tal dimensão que quaisquer atores que os representem correm o risco de ser amplamente reconhecido… e quando demonstram este nível de qualidade, os prémios (e as nomeações) parecem obrigatórios!
Não chega a ser o filme que esperaríamos mas tem a qualidade suficiente para homenagear um homem que ajudou a mudar moldar o Mundo, tal como o conhecemos.