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“Her – Uma História de Amor de Spike Jonze” de Spike Jonze


Se a memória não me atraiçoa a primeira vez que ouvi falar de Spike Jonze foi quando partilhou a tela com George Clonney e Mark Walhberg no gracioso The Three Kings. Não que o rapaz fosse grande ator mas porque o filme é realmente fora do comum.

Quer dizer, pouco depois (no mesmo ano!) estreou Being John Malkovich, no qual Jonze assumia as rédeas de realizador e, igualmente, de argumentista, e esse era indescritível. Para os amantes do cinema mais inconvencional Jonze passou a ser sinónimo de autor reverenciado. Talvez tenha sido a partir daqui que fixei, realmente, o seu nome.

Perdi-lhe o rumo (ou perdeu-se ele) até que em 2012 chega-nos Where the Wild Things Are. Mais uma vez o apreço da crítica foi imenso. Pessoalmente achei o filme sensaborão. Não se pode agradar a todos.

Chega 2013. HER estreia em vários festivais, coleciona prémios e nomeações e “garante” a Jonze o merecido Oscar® de Melhor Argumento Original. (NOTA: Quando escrevo estas palavras a cerimónia da Academia ainda não decorreu mas não estou a ver outro desfecho).
Para lá da história saída da mente de Jonze que condiciona todas as conversas em torno do filme, este marca ficará para a história, também, pelo regresso de Joaquin Phoenix às luzes da ribalta (subentenda-se, “às luzes da ribalta”, pelas melhores razões) e pela inclassificável prestação de Scarlett Johansson. A moça não mostra a cara mas está lá o tempo todo!

Num futuro relativamente próximo, um homem (Phoenix) tenta lidar com as amarguras de um divórcio doloroso e inesperado. Para encontrar algum conforto e tentar reorganizar a sua vida (pessoal e profissional) ele adquire um “sistema operativo” que o acompanha constantemente. Mas não é apenas um computador. Esta moderna forma de inteligência artificial (Johansson) é capaz de estabelecer uma relação única com o seu interlocutor, dando origem a uma peculiar História de Amor.

Dá para ver que Jonze está de regresso ao seu território predileto. Depois de nos presentear com as entranhas cerebrais de John Malkovich, o realizador do Maryland entretém-se, agora, a explorar as profundezas do coração humano (e de outro artificial), num ensaio que tem tanto de inacreditável como de predestinável.
Será este o futuro da integração humano-digital? Será (muito?) cedo para responder a essa complexa questão mas não restem dúvidas que muito disto até faz (algum!) sentido…

Voltemos, então, aos protagonistas. Phoenix é ao mesmo tempo adorável e desconcertante no seu retrato meio goofy meio doentio. O bigodinho ajuda a disfarçar o seu inconfundível tique (e, também, a cicatriz) mas, acima de tudo, dá-lhe um ator retro-futurista que encaixa que nem uma luva no espírito do filme. Theodore é um homem invulgar e excêntrico (à sua maneira e no seu tempo) mas sem aquele bigode iria parecer nu.
Johansson comprova (por A+B) porque os filmes de animação TÊM de ser exibidos na sua versão ORIGINAL. Pode parecer estranho a ligação/comparação mas o que seria deste filme se em vez da voz de Scarlett ouvíssemos uma Catarina ou uma Bárbara? A “personagem” vive não só da forma (entoação) com que debita as suas deixas mas, sobretudo, da imagem/humanização que fazemos desse som. Só assim Her faz sentido.

Não estou totalmente convencido de estarmos perante um grande filme, pelo menos segundo os padrões de avaliação/quantificação mais habituais. No entanto, tem o Melhor Argumento Original do Ano e isso já conta MUITO.

Mente aberta. Espírito aventureiro. Coração desfeito.
Assim é Theodore.

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