“Pompeia (Pompeii)” de Paul W.S. Anderson
Há muito que a imponente história de Pompeia está para ser adaptada para cinema.
A dada altura (não muito distante) Roman Polanski era o nome avançado para assumir as rédeas de um projeto que, quero acreditar, seria bem diferente desta versão de Paul W.S. Anderson.
Polanski iria fazer o seu Titanic (tudo parecia indicá-lo) mas os produtores estavam mais inclinados para Gladiator, daí até chegarem ao realizador de Resident Evil, The Three Musketeers e Death Race não terá sido “um tiro”… talvez uma lenta erupção.
Claro que a tragédia (como a criou Homero) seria, obrigatoriamente, o centro de qualquer viagem até aquela mítica cidade do império romano. Não havia como evitá-lo.
De qualquer forma, Anderson esforçou-se por consegui-lo. Construiu uma narrativa viril, bem máscula, atirou o nosso herói para dentro da arena e deu-lhe o papel de escravo e lutador, de homem só e rebelde, de sofredor. Só não conseguiu fugir ao seu lado mais romântico. E, inevitavelmente, encontrou-lhe um amor (impossível) para “motivá-lo”.
Depois de assistir, ainda criança, à chacina de toda a sua tribo, às mãos das legiões romanas, Milo (Kit Harington) é vendido e tornado escravo. Anos mais tarde, e apesar das sua compleição física aparentemente frágil, a sua destreza, rapidez e sagacidade tornou-o num gladiador vitorioso.
A sua fama irá conduzi-lo até Pompeia, uma das importantes cidades do Império Romano, onde um vulcão prestes a implodir e uma jovem (Emily Browning) de temperamento quente irão captar a toda sua atenção.
O resto é História.
Até bem perto do fim, Pompeii revela-se uma obra em linha com as expetativas mais optimistas, construindo um enredo minimamente cativante e coerente, ainda que demasiado próxima de outros filmes do mesmo género (e época).
O principal senão chega-nos pela “madrugada”. É, curiosamente, quando a vertente visual do filme ganha maior relevo que o seu lado narrativo perde muita da sua consistência. As motivações das personagens perdem algum foco, as suas ações surgem, de certa forma, forçadas e acabamos por desconfiar do rumo dado à história.
Continuo convicto que Pompeii, essa milenar “lenda” que pontua os livros de História e o imaginário de muitos de nós, merece outro tratamento. O fatalismo será, naturalmente, obrigatório, mas “a banda merece mesmo tocar até ai último segundo”!
Pelas suas semelhanças em termos de semana de estreia e de expetativas, parece-me razoável a comparação com John Carter. As reações não terão sido tão negativas (desta vez) mas, para mim, o mal-amado filme da Disney não foge assim tanto (antes pelo contrário) a este Pompeii.
Será, naturalmente, uma questão de gostos.