“Noé (Noah)” de Darren Aronofsky
Para além de ser o responsável por Black Swan e The Wrestler, Darren Aronofsky é, também, o autor de filmes como The Fountain e Requiem for a Dream.
Sim, Aronofsky não é apenas responsável por grandes filmes do agrado das grandes massas é, antes disso, o autor de obras bastante complexas, polémicas e ambíguas!
Goste-se ou não, este Noah está mais em linha com os seus filmes mais esotéricos, do que com os seus momentos mais consensuais. A História da Arca é mais do que conhecida de todos mas o que Darren fez foi carregá-la de uma sobrecarga teológica e filosófica que ultrapassa o comum dos mortais. Seria demasiado ingénuo da nossa parte esperar que um realizador com o seu historial se iria limitar à construção da Arca e à chegada dos animais mas tanto melodrama ultra-religioso também não seria necessário.
Um sinal de Deus leva Noah (Russell Crowe) e a sua família a iniciar os preparativos para o Grande Dilúvio. A Arca, os animais, os Homens e Noé são apenas um pequeno grande detalhe numa história que vai muito para além da construção de um Novo Mundo.
O Homem merece ou não ser castigado pela ira de Deus? Haverá, realmente, Homens diferentes de outros? Qual a verdadeira… mensagem?
Só para esclarecer. A tão badalada construção e consequente destruição da Arca – alvo dos mais curiosos comentários quanto à megalomania do trabalho de produção e efeitos especiais realizado – ocupa uma ínfima parte das mais de 2h de filme. Durante a sua larga maioria Darren entretém-se a explorar as fraquezas, dúvidas e defeitos do ser humano, a sua postura perante Deus e a eterna procura da redenção. E chega a ser chato.
Não é o filme que estávamos à espera. Não é uma história agradável de se ver. Não é uma obra que reste na memória (mesmo de uns poucos) por muito tempo. Havia uma certa e justificável expetativa quanto à visão do talentoso realizador nova-iorquino sobre uma temática tão sensível mas…
Não digo que não seja o filme que Darren Aronofsky quisesse fazer mas não tenho dúvidas que não é o filme que (a maioria de) nós estaria(mos) à espera de ver.
Dececionante.