“Sei Lá” de Joaquim Leitão
A primeira impressão que registei ao sair da sala é que Portugal não possui (ou não aproveita adequadamente) um galã de cinema à escala nacional…
Muita embora todo o esforço de António Pedro Cerdeira, é latente a falta de um protagonista masculino que “faça frente” ao núcleo feminino que se apodera do filme. Bem sabemos que a obra de Margarida Rebelo Pinto dá primazia absoluta ao sexo feminino mas sem um convincente contraponto masculino, o resultado é demasiadamente imparcial.
Mesmo não sendo o principal “problema” do filme foi, aquele, que mais estranheza me causou… até pela sua amplitude estrutural que representa, no que ao cinema português diz respeito.
Quanto às moças a “coisa” até se compõe. Leonor Seixas, Ana Rita Clara, Patrícia Bull e Gabriela Barros têm a diversidade e naturalidade suficientes para encarnarem com bastante à vontade o quarteto de amigas que arrasa corações na capital.
Finais dos anos 90, Madalena (Seixas) tenta recompor-se de um contundente desgosto amoroso. Mas ela não ficou “sozinha”. Luísa (Clara), Joana (Bull) e Catarina (Barros), as suas amigas do peito, não lhe dão descanso, assim como o enigmático Francisco (Cerdeira) que surge na sua vida como um verdadeiro tornado. Entre desamores, traições e inseguranças, a “tiazisse lisboeta” desfila pela grande tela durante mais de 1h30, sem rumo, sem emoção, sem razão.
É que a larga maioria do filme até entretém q.b., fruto de alguns truques do hábil Joaquim Leitão, mas aquele final é totalmente anti-clímax, para dizer o mínimo…
De tudo, e bem longe de ser um admirador do trabalho de Rita Pereira, a sua Odete acaba por ser a personagem mais pitoresca de uma obra que simplesmente não convence.
O cinema português continua a sentir sérias dificuldades para sair do marasmo artístico onde se encontra. Entre o virtuosismo de autor e o tele-filme acessível não consegue encontrar, consistentemente, um meio termo que atraia o público nacional. Temos pena mas é essa a realidade (que vemos)!
“A vida são dois dias…” fica na memória, confesso.
Agora se isso é bom ou mau, já é outra história!