“Transcendence – A Nova Inteligência” de Wally Pfister
Numa era em que os trailers, as fotos, os posters, a informação online e toda e qualquer publicidade tem por “defeito” a minoração (e por vezes eliminação) do efeito surpresa dos filmes atuais, sabe sempre bem ser… surpreendido.
É lógico que o contacto com tanta a informação acabou por esclarecer os parâmetros gerais do filme mas a obra de estreia de Wally Pfister é realmente reveladora, inesperada e reconfortante!
O único senão será mesmo a extensa panóplia de temas abordados durante as quase 2h de filme. Por muito interligado que tudo esteja, às tantas acabamos por dispersar em demasia a atenção.
Dr. Will Caster (Johnny Depp), a sua esposa Evelyn (Rebecca Hall) e o amigo em comum, Max Waters (Paul Bettany), apresentam 3 visões complementares da evolução do pensamento e da investigação à cerca da inteligência artificial.
Até que os três cientistas são confrontados com uma inesperada fatalidade que acelerá o processo e questionará irremediavelmente as suas convicções. Até que ponto estarão eles preparados para lidar com o “desconhecido”? E o resto da humanidade?
Não se pode dizer que estejamos perante grandes desempenhos. Depp, seria expectável, deveria assumir o maior protagonismo mas acaba por recair da jovem britânica a maior quota parte de responsabilidade. E nada mal.
O grande trunfo do filme reside inquestionavelmente no argumento de Jack Paglen – em paralelo, naturalmente, com a realização de Pfister. Existem evidentes lacunas em algumas cenas chave – essencialmente de motivação e reação das personagens – mas no que ao enred diz respeito será, provavelmente, do melhor que vimos este ano.
Uma temática extremamente difícil, complexa e conflituosa mas que serve de “aviso” para um futuro não assim tão distante(?). Aliás algumas das reações/motivações são bem atuais e expõem o que de mais perverso e legítimo existe na condição humana.
Um filme desafiante para o intelecto.
Não chega a ser transcendente mas levita a alma… e a consciência!