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“Magia ao Luar (Magic in the Moonlight)” de Woody Allen


Este ano Woody Allen foi generoso cá com a malta.
Mas puxemos o filme um pouco mais atrás…

A minha afinidade para com o realizador norte-americano é deveras peculiar. Recordo-me, ainda criança, de ver na TV alguns dos seus ‘clássicos’ mais tresloucados como, por exemplo, Everything You Always Wanted to Know About Sex…But Were Afraid to Ask. Fruto desse “trauma” tardei em descobrir a sua obra mais madura.

TUDO mudou, anos mais tarde, quando por algum acaso cinematográfico assisti no cinema a Anything Else. O filme até nem era nada de especial mas o bichinho estava “plantado” e, em 2005, quando estreou o fantástico Match Point já foi sem surpresa que me deixei render ao “mestre”! Tal como acontece, ano após ano, desde então.

A particularidade assumiu outra relevância quando o cinema se passou a confundir com… os hábitos pessoais. Vicky Cristina Barcelona é uma das principais razões que me levou a conhecer a capital da Catalunha. Assisti a To Rome With Love poucos dias depois da primeira visita à da capital italiana. Percorri a Côte d’Azur semanas antes de Woody por lá pernoitar na companhia de Colin Firth, Emma Stone e demais equipa de rodagem deste Magic in the Moonlight. Para onde iremos de seguida, tio Woody?

Inicialmente pareceu-me estranho a opção de enquadrar Magic in the Moonlight nos anos 20 (do século passado) mas, pensando bem, o romantismo e nostalgia da Riviera francesa confunde-se perfeitamente com os afamados Anos Dourados. Requinte, distinção, luxúria, inocência, ingenuidade, avareza. As praias, as escarpas, os palacetes e os carros encaixam na perfeição.

Quem também fica bem no cenário é Colin Firth. Frio, austero, rígido, prepotente e carente, a imagem publica do ator inglês confunde-se de sobremaneira com Stanley. Não será propriamente material digno de Oscar® (como aconteceu o ano passado com Cate Blanchett) mas é, sem dúvida, um desempenho impecável.
Emma Stone não chega a deslumbrar mas, também, não compromete. Com apenas 25 anos a jovem atriz norte-americana prepara-se para se tornar na próxima musa do realizador, estando já em rodagem em Rhode Island, para o filme de 2015.
E o resto do elenco é sempre escolhido a dedo como o próprio Woody Allen faz sempre questão de enfatizar. Marcia Gay Harden, Jacki Weaver, Simon McBurney, Eileen Atkins. Muito bom.

O argumento é suculento, como não podia deixar de ser. Segundo o realizador as videntes eram uma praga nos anos 20, nos EUA, e a contratação de ilusionistas para as desmascarar, a solução mais recorrente.
Stanley Crawford (Firth) mais conhecido pelo seu nome de palco, Wei Ling Soo, é desafiado pelo seu amigo e colega de longa data, Howard (McBurney), a deslocar-se até à Riviera francesa onde uma jovem vigarista(?) (Stone) parece ter encantado uma abastada família burguesa, graças aos seus dotes espirituais.
Metódico, arrogante e assumidamente racional, Stanley sente algumas dificuldades iniciais para desmontar o modus operandi da jovem medium, até se deixar envolver pela sua… destreza.

Confesso as minhas renitências iniciais mas Magic in the Moonlight é bem melhor do que à partida parceria supor. As paisagens, os cenários e os adereços são realmente deslumbrantes e, como sempre, os diálogos saídos da ‘caneta’ do realizador/argumentista são preci(o)sos… e corrosivos!

Surpreendente só mesma a doçura com que Allen remata o twist final.
Tudo faz bem mais sentido assim.

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