“Num Outro Tom (Begin Again)” de John Carney
Há algo de incrivelmente contraprodutivo com a promoção deste Begin Again…
8 anos depois do inesperado e meteórico sucesso de Once (Oscar® de Melhor Canção Original em 2006), John Carney volta às luzes da ribalta com um filme sobre o poder da música… e as semelhanças entre os 2 filmes ficam por aqui, ok!?
Algures no processo de divulgação/promoção do filme foi permitido classificá-lo como um (quasi-)remake da sua obra mais premiada. Pouco ou nada retive de Once (para além de uma banda-sonora primorosa) mas posso garantir que Begin Again nada fica a dever à anterior obra do realizador irlandês, bem pelo contrário!
É natural que a mudança (geográfica) tenha transformado, um pouco, a abordagem de Carney e, claro, ajuda sempre ter à sua disposição um elenco desta qualidade. Mark Ruffalo, Keira Knightley e, até, Adam Levine demonstram aquilo que todos nós sabemos a seu respeito: há muito talento por ali! Porém, para lá dos desempenhos e da mestria das músicas apresentadas, há todo um enredo que nos transporta para um espaço (Nova Iorque) encantador.
Um pouco ao estilo do périplo europeu de Woody Allen, John Carney faz-nos percorrer ruas, parques, becos e terraços de uma cidade que parece recuperar uma certa áurea romântica que se julgava perdida… pelos menos no cinema norte-americano. “Bateu” saudade, confesso,
E a música. A presença de Adam Levine – para quem não sabe o rapaz é vocalista de uma das bandas mais efervescente da atualidade, os Maroon 5 – seria, logo à partida, um forte indicador que a sonoridade do filme seria um do seus atributos mais fortes. Aposto é que ninguém desconfiaria do à-vontade de Keira para a música. Mas independentemente dos vocalizadores de tais sentimentos e emoções, é daquelas banda-sonoras que não faltarão na videoteca cá de casa!
Dave (Levine) e Gretta (Knightley) chegam a Nova Iorque para concretizar o sonho de uma vida. Parceiros amorosos e, especialmente, na música, os dois britânicos sentirão estranhas dificuldades em se adaptarem a uma nova realidade,
Cada um acaba por seguir o seu caminho e enquanto Dave prossegue com a sua delineada carreira musical, Gretta acaba por dar de caras com um exaurido produtor musical (Ruffalo), outrora um reconhecido caçador de talentos.
Juntos, estas duas almas perdidas irão gravar um álbum, da forma mais genuína e imprevisível possível.
Há toda uma inocência que nos cativa, que nos prende e que nos delicia. Ao fim de quase 2h de filme só nos apetece manter a luz apagada, o filme a rodar e as músicas a todar. Begin Again vale por si só, sem qualquer apêndice… mais ou menos conceituado.
E pensar que quase não o fomos ver ao cinema…