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“Boyhood – Momentos de uma Vida” de Richard Linklater


Há algo de realmente mágico neste Boyhood.
Uma ideia, um conceito transcendente e muita, muita paciência e perseverança.

Depois de juntamente com Ethan Hawke e Julie Delpy ter escrito uma das mais belas trilogias (pelo menos, para já) da história recente do cinema mundial, Richard Linklater decidiu levar o desafio um pouco mais à frente e, em vez de revisitar as mesmas personagens a cada 7 anos, desta vez filmou durante 11 anos consecutivos!
Durante mais de uma década todos os intervenientes aguardavam pelo mês de Agosto para prosseguir com as filmagens de um filme que pareceria impossível de concretizar.

A cada ano, Ethan Hawke, Patricia Arquete, Lorelei Linklater e Ellar Coltrane voltavam a ser uma família (totalmente disfuncional) acrescentando mais um capitulo a uma história “real” como a de qualquer jovem nascido o limiar do séc. XX. No centro da narrativa um miúdo – na altura do inicio das filmagens uma criança de apenas 7 anos de idade – cuja vida ficcional seria documentada passa a passo. Os seus sonhos, a sua ingenuidade, as suas dificuldades, a adolescência, a puberdade, as primeiras descobertas, os namoros, as dúvidas existenciais e uma vida familiar recheada de percalços, conflitos e muito amor.

Não há lugar a caracterização ou maquilhagem. As personagens vão crescendo, amadurecendo ou envelhecendo – conforme o caso – de forma natural e própria, representando um papel que podia ser o deles mesmo. Se é impressionante a avançar da idade de todos, os dois miúdos, com especial relevância para Ellar, chegam a parecer nascidos de um qualquer Truman Show.

O único senão é que tal como a vida de cada um de nós, há momentos aborrecidos, desinteressantes onde pouco ou nada (de relevante) acontece. E ai acho que Linklater seguiu o conceito demasiado á risca. Era para ser real mas escusava de ser TÃO real.
Talvez esta nova geração, que não conheceu o séc. XX (pelo menos de forma consciente) partilhe das mesmas duvidas ou questões mas, a dada altura não consegui evitar o bocejo ou o descrédito.

A ideia é genial mas tal como acontece com o cubismo em Picasso nem todos os filmes podem ser Guernica. Há quadros brilhantes na forma como exploram o estilo mas que per si não deslumbram nem desarmam o espetador.

Neste momento parecem restar poucas duvidas que Boyhood será o (ou pelo menos, um dos) vencedor(es) da próxima temporada de prémios, ainda assim, creio que bem mais pela ideia brilhante que o fez nascer, do que pelo resultado final.

Bravo!
Mas se não fosse a ideia brilhante por detrás da concretização do filme, estaríamos perante uma obra, de certa forma, banal.

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