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“Birdman ou A (Inesperada Virtude da Ignorância) [Birdmand or (The Unexpected Virtue of Ignorance)]” de Alejandro González Iñárritu

Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance) é uma obra brilhante… mas não é um grande filme!

Alejandro González Iñárritu constrói uma narrativa fantástica, colocando-nos, invariavelmente, na pele dos protagonistas enquanto percorremos os corredores, bastidores e o palco de uma das mais emblemáticas da sala de espetáculos nova-iorquina (em plena Times Square).
De forma incessante acompanhamos os protagonistas enquanto estes divagam sobre as torturas, prazeres e incertezas do showbiz. Atores, produtores, diretores, críticos e a vida familiar (e amorosa) dos envolvidos é alvo da mais feroz sátira, sarcasmo, crítica, homenagem.

Michael Keaton é Riggan Thomson. De certa forma Riggan Thomson é Michael Keaton. O tom do filme parte dessa mesma ironia. O homem pássaro (ou morcego), a carreira decadente, o talento encoberto por uma personagem marcante, as dúvidas, os fãs e as críticas, o regresso às “luzes da ribalta”, a incerteza. A dada altura percebemos que não haveria outro ator para o papel. E que não haveria outro desfecho para o filme… que não fosse o reconhecimento da crítica e dos fãs, as nomeações aos prémios de Melhores do Ano. Só assim se completaria ao círculo que o próprio filme retrata.

Tal como os recentes The Artist e Hugo, a comoção da comunidade cinematográfica (especialmente norte-americana) perante mais um dos seus – i.e. um filme que fala de cinema e dos seus diferentes intervenientes – é colossal. O que não deixa de ser compreensível.
Ademais, há de facto, muito de bom em Birdman.

Um argumento que grande qualidade (mesmo que um tudo nada lunático!), desempenhos primorosos (mesmo que em alguns casos seja “difícil” perceber onde termina o ator e começa a personagem), um realizador autêntico e corajoso (que coloca o dedo em muitas feridas) e toda a magia do mundo dos espetáculos.

Mas Bridman não chega a ser arrebatador. Surpreende aqui e ali, tira-nos do sério amiúde mas sempre no bom sentido e dá espaço à nossa própria imaginação e interpretação. Ainda assim no final saímos da sala com a sensação de que o filme terá dado bem mais prazer (de fazer e de ver) aos intervenientes da 7ª arte do que a nós, meros espetadores.

Após o estrondoso sucesso do franchise Birdman nos anos 90, Riggan (Keaton) agora um ator cinquentão e ainda preso (literalmente) ao passado glorioso, tenta recuperar a sua veia mais artística dirigindo, adaptando e protagonizando um texto de Raymond Carver.
Durante 3 dias vivemos no teatro onde a peça será exibida e ficamos a conhecer os bastidores do mundo do espetáculos, os seus mais diversos intervenientes, a sua vida dentro e fora do palco, os seus medos, devaneios, cumplicidades. Até o dia da grande estreia.

É um filme intenso, disso não temos dúvidas.
Faltou (talvez) envolver um pouco mais os espetadores.

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