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“Tal Pai, Tal Mãe (Papa ou Maman)” de Martin Bourboulon


De volta a França, ou mais propriamente ao cinema francês, para nova comédia de costumes.

Desta vez a situação é aparentemente trivial. Um casal, esfumados os anos da verdadeira paixão, opta consensualmente por se separar. Sem grandes transtornos ou discussões tudo é tratado com assaz civismo e fraternidade… até que a verdadeira natureza humana vem ao de cima!

A comédia francesa continua a dar cartas, mesmo que por cá o (grande) público continue a tardar em se render. Pode ter os seus momentos de desvario, as suas especificidades francófonas e o seu próprio star-system – praticamente desconhecido em Portugal – mas a boa disposição, o bom gosto e as gargalhadas (mais ou menos sonoras, dependendo dos hábitos) estão garantidíssimas.

Laurent Lafitte (Les Petits Mouchoirs, De l’Autre Côté du Périph) e Marina Foïs formam o casal, agora desavindo, que tudo fez para manter o casamento e o divórcio num plano superior. Demonstrando uma química imprescindível neste tipo de filmes, os dois atores presenteiam-nos com alguns momentos hilariantemente familiares a qualquer marido, esposa ou pais.
Referência igualmente para o trio de jovens atores que compõem a família Leroy, Alexandre Desrousseaux, Anna Lemarchand e Achille Potier, também eles com grande presença e competência, apesar da tenra idade.

Vincent (Lafitte) e Florence (Foïs), sempre tiveram uma relação explosiva, honesta e apaixonante. Com o apagar da chama, os agora pais de três jovens adolescentes optam por separar-se, de forma elegante e invejável. Profissionais dedicados e ambiciosos, o casal pretende manter a estrutura familiar o mais intacta possível, permitindo-lhes assim minorar o impacto que o processo possa ter nos filhos e nas suas próprias carreiras e ambições.
Até que a guarda partilhada dos filhos passa a ser complicada e perante novas oportunidades profissionais, tanto um como outro tudo fazem para convencer os membros mais jovens da família a não o escolher como tutor.
Na luta pelo guarda das crianças, ninguém quer ficar bem visto!

A inversão da problemática da guarda dos filhos já devia garantir, per si, bons momentos de humor e admiração. Neste caso, o enquadramento e o crescendo de tensão e emotividade ajudam a compor uma obra competente e certeira.

Filme de estreia de Martin Bourboulon como realizador, Papa ou Maman é uma comédia simpática que apesar dos seus pequenos excessos irá, de forma geral, agradar a toda a família.
Não somos assim tão diferentes uns dos outros e perante situações extremas o mais natural é mesmo comportarmo-nos todos da mesma maneira!

Talvez, apenas, não de forma tão hilariante…

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