“A Idade de Adaline (The Age of Adaline)” de Lee Toland Krieger
Um poster, um trailer, uma música. Se o marketing mais tradicional ainda funciona, cá está uma bela representação do seu poder!
Três ferramentas conjugadas com bastante bom gosto, coerência e virtuosismo que retratam com inteligência o que vamos assistir, que cativam até o mais insuspeito dos espetadores, que transportam, em si, uma áurea distinta.
Elogios (à promoção do filme) à parte, vamos aos factos.
The Age of Adaline não é assim tão diferente de um qualquer romance dramático. Boy meets girl – neste caso, Girl meets boy – e tudo o que isso envolve quando o sentimento é mais forte do que a racionalidade. Porém, Adaline está longe de ser uma história banal, em virtude da sua incapacidade para envelhecer.
Esse ‘presente’ que permitiu a Adaline (Black Lively) manter a sua jovem aparência durante a larga maioria do século XX, obrigou-a, por outro lado, a uma solitária vida no exílio. De forma a fugir à curiosidade das entidades governamentais, e não só, relativamente à sua condição, Adaline auto impôs-se uma vida nómada, sem laços ou vestígios. Durante mais de 7 décadas o seu plano foi seguido à risca, até que surge na sua vida um homem (Micheil Huisman) pronto a abalar o seu passado, o seu presente, o seu futuro!
Num misto de nostalgia romântica e fulgor contemporâneo, o filme integra com grande naturalidade o elemento sobrenatural que suporta todo o enredo. E com isso, rapidamente – talvez até, com demasiada ligeireza – a obra de Lee Toland Krieger viaja até aos nossos dias para forçar um desenlace… diferente.
Pessoalmente teria preferido que a história se perde-se um pouco mais na História. Tantos os factos relevantes que se desenrolaram ao longo das últimas 7 décadas e tantos outros que mesmo não tão mediáticos teriam merecido um olhar mais introspectivo, que não duvido teríamos um filme ainda mais completo, contundente e emblemático.
Muito bom o desempenho de ambos os protagonistas, com especial relevo para Lively. Depois de dar nas vistas em Savages, a jovem californiana prossegue paulatinamente a sua carreia na 7ª arte com um desempenho categórico. A meio caminho entre femme fatale e jovem inocente, Adaline parece tão seguro de si mesma como perdida num destino que não escolheu.
Já o holandês Huisman tem a sua primeira oportunidade como protagonista numa produção norte-americana e a julgar pela reação feminina durante a antestreia, já garantiu a sua falange de apoio, pelo menos, em Portugal.
Um filme em crescendo que surpreende, encanta e apaixona.
Ainda se escrevem grandes romances diretamente para o cinema!
Só o poster e a música valem meio filme… ou pelo menos ajudam a expressar (mei)o filme na perfeição!