“Cidades de Papel (Paper Towns)” de Jake Schreier
Hollywood tem esse bestial hábito de apostar em fórmulas de sucesso. Atores, realizadores, argumentistas, autores, histórias, ideias, cenários, tudo o que garanta retorno é repetido (até à exaustão!) mesmo que nem sempre com o resultado esperado.
Desta vez o afortunado é John Green, Depois do surpreendente sucesso de The Fault in Our Stars, o autor norte-americano vê praticamente todas as suas obras literárias a caminho da 7ª arte. A primeira a chegar até nós é Paper Towns e há duas ideias fundamentais que retemos de imediato: nem todos as obras podem ser primas e nem todas as adaptações conseguem chegar perto do potencial da sua origem.
Jake Screier chegou à 7ª arte com Robot & Frank, um filme simples, modesto mas com uma grandeza emocional bem acima da média. Dito isto, pareceria o realizador indicado para transpor os textos de Green para cinema. Mas algo não funcionou.
Durante anos Quentin (Nat Wolff) viu a sua amiga de infância (e eterna paixão) Margo (Cara Delevingne) tornar-se numa figura enigmática e numa das mais populares raparigas do liceu. Mas à medida que os anos passavam a distância entre ambos ia-se tornando num vazio inultrapassável até ao dia que ela lhe bateu à janela para o convidar para uma noite de “acerto de contas”. No dia seguinte Margo desaparece de casa e Q parece ser o único que a pode (re)encontrar!
A caça ao tesouro tem as suas valências e, acima de tudo, o condão de nos manter despertos e curiosos porém, o encanto vai-se desvanecendo aos poucos, até se esfumar com o epílogo final. O filme tem dificuldade em esconder algumas lacunas, umas mais evidentes que outras, mas sobretudo falha ao não criar a necessária empatia com o (seu) público.
Rezam as crónicas que o filme falha, igualmente, na sua transposição para a 7ª arte. Parecem naturais (e recorrente) as críticas dos fieis leitores à forma como os enredos são adaptados mas, pelo menos desta vez, é algo que mesmo os não leitores conseguem detetar ou, no mínimo, pressentir.
A história desenvolve-se a bom ritmo, as personagens “nascem” com grande naturalidade e o público alvo parece retrato de forma competentíssima mas fica a inquietante sensação que faltou… alma.
A mensagem seria poderosíssima mas, simplesmente, não passou (para o lado de cá!).