“Sem Saída (No Escape)” de John Erick Dowdle
Já estreou por cá há algum tempo mas a falta de apelo comercial e a necessidade de cumprir outras obrigações foram adiando a sua crítica. As nossas desculpas. É que o filme não o merece!
Owen Wilson num papel (bem) sério. Pierce Brosnan a fazer de agente secreto em pré-reforma. Um país em ebulição. Uma história simples, atual e para qualquer pai que se preze, aterradora.
A paternidade tem destas coisas, torna filmes aparentemente comuns (lembro-me num registo totalmente diferente de Neighbors) em obras precisas e marcantes. A maturidade ajuda (e a imaginação, também) mas não há como nos revermos nas personagens retratadas.
Jack Dwyer (Wilson) prepara-se para abraçar um novo desafio profissional, fazendo-se acompanhar da sua mulher (Lake Bell) e das suas duas filhas num (não denominado) país do sudeste asiático. Até aqui nada de anormal mas a sua chegada é coincidente com um violento golpe de estado que coloca em risco a vida de todos os estrangeiros residentes no país. Durante 24h, sem saber direito onde está, com quem contar, nem porquê, Jack terá de “fazer das tripas coração” para, juntamente com a sua família, sobreviver.
Há momentos dolorosos. Há momentos em que perdemos toda a esperança. Há momentos em que a parentalidade tolda o nosso melhor juízo cinematográfico. Sá a ideia de ter de atirar uma filha de um telhado para outro, já me dá arrepios!
Confesso que terá sido a 1h30 mais angustiante que passei no cinema este ano. Se a ideia era fazer sofrer então não tenho nada a apontar. Mas talvez o cinema tenha obrigação de ser um pouco mais, de apelar a outros sentidos, a outros valores. Especialmente quando “fazer sofrer” não garante assim tantos espetadores e elogios quanto isso.
Destaque para o desempenho de Owen e Lake e das duas pequeninas, Sterling Jerins e Claire Geare. Quanto a Pierce em linha com o seu estilo pessoal e recorrente (no bom e no mau sentido). Já o realizador John Erick Dowdle merece todo o qualquer elogio porque se a ideia dele era mesmo esta, fê-lo de forma irrepreensível.
É difícil recomendar um filme que pode ter contribuído para o aparecimento no futuro de uma qualquer úlcera no estômago mas não há dúvidas que nos sentimos a “levar um murro da barriga” durante grande parte do filme.
O filme é bom. Já as consequências ficam por vossa conta e risco, ok?!