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“Sicario – Infiltrado” de Denis Villeneuve


A diferença de Sicario para a larga maioria dos filmes do género (i.e. narcotráfico na fronteira entre o México e os EUA) é que apesar de colocar bem o dedo na ferida não perde tempo em aguardar pelas suas consequências.

Denis Villeneuve está pouco preocupado em contribuir para a discussão política e cultural sobre as causas e consequências ou culpados e vítimas da situação explosiva que se vive no sudoeste dos EUA. O seu enfoque é outro, bem mais preciso e pessoal.

Tendo iniciado a sua carreira nos inícios do novo milénio, o realizador canadiano chegou-se à frente com Incendies – nomeado ao Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro -, uma obra absolutamente brilhante e perturbadora. Seguiram-se Prisoners (com rasgados elogios da maioria da crítica) e Enemy.

Chegamos, então, a Sicario. Emily Blunt repete um papel mais físico e sem qualquer glamour, depois do sucesso na sua primeira incursão em The Edge of Tomorrow. Benicio Del Toro parece fazer dele mesmo, recuperando muito da sua personagem de Traffic (que lhe valeu um Oscar®) mas adicionando-lhe uma pitada extra de imprevisibilidade e dureza. Já Josh Brolin é um dos grandes da sua geração. Mesmo menos exuberante e determinante no filme, transmite uma segurança e presença invejáveis.

É em torno deste trio de talentosos atores que Villeneuve constrói uma narrativa complexa mas, na realidade, bastante linear, mantendo-nos durante a larga maioria do tempo totalmente à parte do verdadeiro propósito das personagens principais. Até ao último segundo, a expetativa é imensa porque o rumo da história pode mudar a cada instante.

Phoenix, Arizona. Uma experiente e decida agente do FBI (Blunt) depara-se com um cenário dantesco ao irromper por uma casa utiliza por um reconhecido cartel de droga mexicano. Mal refeita dessa experiência perturbadora, Kate é convidada pelo agente especial Matt Graver (Brolin) a integrar um grupo de elite que pretende caçar um dos cabecilhas responsáveis pelo cartel. Desse grupo faz parte o enigmático Alejandro (Del Toro), um advogado de origem mexicana com uma agenda muito própria.

Intenso, surpreendente, preciso. Villeneuve é um realizador fantástico, sobretudo pela forma voraz como aborda temas mais ou menos comuns (pelo menos na 7ª arte) e lhes transmite uma força e uma atratividade contagiantes. Não sei se será suficiente para chegar à temporada dos prémios mas mesmo que fique aquém desse reconhecimento, é um dos grandes filmes de 2015.

Fantásticos desempenhos de Blunt e Del Toro, grande montagem, fotografia e, naturalmente, realização. Argumento competentíssimo (de Taylor Sheridan) e uma áurea de perfeição.

Em suma, Recomendado!

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  1. "Sicário – Infiltrado": 5*

    Concordo com vários pontos que referiu, mas no meu ponto o argumento poderia ter sido aprimorado.
    "Sicário – Infiltrado" é um filme veemente, cruel e algo cru mas muito realista e é por isso que é excelente.
    "Sicario" vence pela sua lado técnico, onde destaco a sua realização e a sua direção de fotografia.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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