“À Procura de uma Estrela (Burnt)” de John Wells
Elenco, realizador e argumentista 3 estrelas… Michelin! Já o filme, por alguma razão, não é mais do que uma boa refeição caseira.
Bradley Cooper é a estrela da companhia, num filme que outrora chegou a especular-se, podia-lhe garantir a 4ª nomeação consecutiva aos Oscars®. Mas o ator californiano não vem só. Sienna Miller, Daniel Brühl, Emma Thompson, Omar Sy e Alicia Vikander ajudam (com maior ou menos destaque) a dar corpo a um elenco bem acima da média.
Apesar do seu parco currículo no cinema, o realizador John Wells não é de todo um desconhecido dos amantes da 7ª arte, graças a The Company Men e, sobretudo, August: Osange County enquanto Steven Knight é responsável pelos argumentos de filmes como Eastern Promises, Locke ou Pawn Sacrifice.
Talento não faltava!
Porém, e apesar de na primeira parte chegar a ameaçar cumprir os seus desígnios, Burnt acaba por revelar-se bem mais um razoável entretenimento para uma qualquer matiné chuvosa, do que um filme memorável. É uma história interessante sobre um Chef e a sua luta (interna e com todos os que o rodeiam) pela reconhecimento. Uma obra simpática que vive de muitos clichés e da presença dos seus protagonistas. Mas fica claramente a ideia que o objetivo seria ir bem mais além, não tendo havido arte nem engenho para o conseguir.
Adam Jones (Cooper) está de regresso à Europa depois de uma temporada no exílio. Anos antes, era um dos mais promissores Chef’s da cozinha francesa, deliciando os cliente e cronistas da especialidade parisienses. Porém, a imaturidade e o sucesso meteórico fizeram com que a queda fosse brutal, arrastando com ele tudo e todos (NOTA: Infelizmente este período é meramente descrito por algumas das personagens e não vivenciado durante o filme).
Desta vez em Londres, Adam recorre a alguns colaboradores antigos e a jovens talentosos locais para reconquistar o prestígio perdido mas o percurso será, no mínimo, atribulado.
Sem perceber in loco o passado e a origem das personagens é difícil sentirmo-nos identificados com elas. Perdida essa ligação emocional, acabamos por viver o filme sem a mesma intensidade ou expetativa. Resta-nos desfrutar da experiência gastronómica mas, mesmo aqui, o filme fica bem aquém de outros exemplos do género como Chef ou The Hundread-Foot Journey, nos quais as iguarias eram apresentadas até ao mais ínfimo detalhe.
A meio caminho entre drama e cinema mais leve, Burnt – que, já agora, estaria mais bem servido se tivesse mantido o anterior título, Adam Jones – não deixará grandes saudades ou água na boca.
É um filme que se vê… mas sem vontade de repetir.