“Ela é Mesmo… o Máximo (She’s Funny That Way)” de Peter Bogdanovich
Peter Bogdanovich ao estilo de Woody Allen… ou será ao contrário?
Humor negro cinzentão, suculento, primoroso, delicioso.
Contemporâneos, as carreiras de Peter e Woody seguiram caminhos bem distintos, após o sucesso de ambos nos anos 70 e 80.
Bogdanovich renasce, agora, para a 7ª arte com um filme que faz lembrar – e de que maneira – o estilo muito próprio de Allen. As comparações são inevitáveis, já a titularidade do estilo caberá a eles esclarecer.
Recheado de ironia e de uma pitada de sadismo, She’s Funny That Way revolve em torno de uma aspirante a atriz que garante o papel da sua vida numa peça de teatro da forma mais imprevisível possível… e com consequências catastróficas.
Imogen Poots, Owen Wilson, Jennifer Aniston, Rhys Ifans, Kathryn Hahn e Will Forte dão a cara por um enredo pitoresco, divertido e nostálgico. Bons desempenhos – graças sobretudo a um conjunto de personagens suculento – uma realização ligeira e um argumento certeiro convencem de início ao fim e justificam a nossa presença na sala de cinema.
Mesmo com algumas situações demasiado loucas, o filme é de uma graciosidade e uma alegria de se ver. Destaca para a jovem Imogen que continua a garantir cada vez maior relevância lá para os lados de Hollywood e para Owen que (a esforço) convence num papel ligeiramente mais sério do que o que nos tem habituado (e a fazer lembrar Midnight in Paris).
Tendo por pano de fundo o casting para uma peça da Broadway, o filme acompanha as peripécias profissionais e pessoais do realizador, da argumentista, do protagonista e da aspirante a estrela cujas vidas se interligam das mais variadas formas. Izzy (Poots), uma call girl sonhadora, é o epicentro de toda a trama, drama e comédia que nos deixará, na pior das hipóteses, com um enorme sorriso no rosto.
Cinema ligeiro, com certeza, mas de refinada qualidade e criatividade. É, de facto, uma pena não haver mais filmes do género que nos façam rir e sonhar com um (duvidoso) pestanejar de olhos.