“Carol” de Todd Haynes
Dois grandes desempenhos, especialmente o de Blanchett, e… pouco mais.
Carol parece um filme do século passado: romântico, melodramático, pachorrento, insonso mas belo. Muita dessa beleza deve-se à presença de uma divã dos nossos tempos. De seu nome Cate Blanchett.
A atriz australiana conta apenas com duas estatuetas douradas no seu currículo (Atriz Secundária por The Aviator e Principal com Blue Jasmine) mas a coleção de desempenhos de grandíssimo nível coloca-a logo abaixo da lendária Meryl Streep, no ranking feminino dos nossos tempos. Carol cimenta, ainda mais, esse destaque, com especial atenção para a componente “divã” da equação.
Rooney Mara ainda agora começa o seu percurso. Entrou com estrondo, graças a Lisbeth Salander (na versão norte-americana de The Girl with the Dragon Tattoo). Seguiram-se filmes menores, até voltar às luzes da ribalta com Therese Belivet, neste Carol. Não tem sido fácil mas também não é suposto ser!
Todd Haynes, o outro vértice deste “triângulo amoroso” , está longe de ser um realizador comum, muito menos consensual. Meia dúzia de filmes realizados e duas referências obrigatórias. I’m Not There – o retrato ultra modernista do grandioso Bob Dylan – onde se cruzou pela primeira vez com Cate e Far from Heaven, um filme, na forma, bastante idêntico a Carol.
Só por curiosidade, Far From Heaven foi nomeado para 4 Oscars (não tendo ganho nenhum) para Atriz Principal, Fotografia, Argumento (adaptado) e Banda-Sonora. Carol tem 6: Atriz Principal, Fotografia, Argumento (original) e Banda-Sonora, Atriz Secundária e Guarda-Roupa.
Em Far from Heaven uma mulher de família tinha um relacionamento amoroso com um homem de raça negra. Em Carol, uma mulher de família tem um relacionamento amoroso com uma mulher mais nova. Sinais dos tempos. Ambos decorrem nos anos 50.
Escusado será dizer que já vimos esta história em algum lado.
Carol Aird (Blanchett) é uma mulher de família, separada e com um filha pequena. O ex-marido, inconformado, tenta tudo para fazer a esposa reconsiderar a sua posição mas sem efeito. Após um fugaz relacionamento com uma amiga de longa data, Carol enamora-se por uma jovem aspirante a fotógrafa que conhece num grande armazém nova-iorquino, Therese Belivet (Mara). Da insegurança, desejo, curiosidade e atração mútua nascerá um relacionamento sincero mas de consequências imprevisíveis.
Belo. Apaixonante. Aborrecido. Olvidável.