“Assalto a Londres (London Has Fallen)” de Babak Najafi
Não será uma situação assim tão incomum quanto isso mas este London Has Fallen tem, de facto, duas partes bem distintas… e que se tornam ainda mais evidentes graças ao sempre desconcertante intervalo, cortesia das salas de cinema NOS.
Na primeira, a ação decorre em grande escala. Logo após o necessário preâmbulo, percorremos a capital britânica “de fio a pavio”, com especial destaque para os seus monumentais mais emblemáticos e para a dupla de protagonistas, Aaron Eckhart e Gerard Butler, que retornam, respetivamente, aos papéis de Presidente e Guarda-Costas.
Já na segunda, o enfoque é bem mais sombrio e meticuloso. Estamos nos escombros de Londres mas podíamos estar em qualquer parte do mundo… desde que tivesse estações de metro e uns edifícios em construção. Fica a ideia que não havia orçamento para mais. E é pena.
Eckhart e Butler são dois atores de grande talento, versátilidade e competência que, por uma razão ou por outra, têm andado arredados das salas de cinema. 3 anos depois de Olympus Has Fallen não nos salta à memória nenhum filme protagonizado por um ou por outro, nos entretantos. No mínimo, estranho!
E, estão de volta!
O Presidente Benjamin Asher (Eckarht) não conta, necessariamente, com o apoio da sua equipa de segurança, nomeadamente do seu amigo de longa data, Mike Banning (Butler) para a deslocação repentina a Londres mas o recente falecimento do Primeiro Ministro britânico obriga-o, assim como a muitos dos principais lideres mundiais, a fazer a viagem para assistir ao funeral.
Apesar dos melhores esforços dos Serviços Secretos, um ataque em grande escala assola a capital britânica e num cenário de pura guerrilha urbana, Asher dependerá apenas de Banning e de todo o seu repertório para manter-se vivo.
Honestamente não me importava de ver novo capítulo desta série. Nos dias que correm deve ser o elogio que os intervenientes (e financiadores) mais gostarão de ouvir. Os 2 protagonistas funcionam muito bem e a história (que prossegue em background) ajuda a perceber que há um fio condutor a seguir e a descobrir. Naturalmente, a excessiva proximidade da realidade com a ficção tornam o tipo de enredo cada vez mais difícil de “vender” mas há ali qualidade para mais.
Como referido acima, a primeira parte é substancialmente mais interessante e cativante do que a segunda, mesmo descontando-se aqui e ali alguma falta de cuidado nos efeitos especiais. Pessoalmente, aprecio bem mais as cenas de ação a “céu aberto” do que o recurso à noite e a espaços “fechados” para coreografar cenas de ação e violência, até. É verdade que o “fundo verde” e tão utilizando nuns como nos outros mas, ainda assim, parece mais natural e, sobretudo, mais real!
O tendão de Aquiles acaba mesmo por ser esta segunda parte. Falta de recursos ou de savoir faire do realizador iraniano, Babak Najafi – acaba por se perceber que Antoine Fuqua não voltou para a sequela – depois do intervalo o filme abandona a sua premissa fundamental e entrega-se de um corriqueiro filme de ação série B… salvo pela qualidade dos seus 2 protagonistas.
Tal como os “antigos” disco de vinyl, o Lado A é um single de bastante sucesso comercial e qualidade q.b., enquanto o Lado B não passa de uma versão esforçada de algo que já vimos noutro lado.
Na soma, fica na retina um bom filme de ação… mas nada de transcendente.
E a esperança que eles retornem, para fechar a trilogia.
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