“Truman” de Cesc Gay
Mais uma pequena maravilha vinda do outro lado da fronteira…
Não terão sido à toa os 5 Goya (Filme, Realizador, Argumento, Ator Principal e Secundário) arrebatados no passado mês de fevereiro!
Tendo por cabeça de cartaz Ricardo Darin, um dos mais conceituados atores argentinos da atualidade de todos os tempos (digo eu!), Truman é um filme simples na forma mas pleno no seu conteúdo. Três atores, uma casa, um hotel e um cão, são (quase) tudo o necessário para construir uma narrativa ímpar e avassaladora que nos prende do primeiro minuto, ao último segundo.
A história, os diálogos, as personagens, o humor, a dor, a emoção e a compaixão. Assuntos sérios e delicados, vividos de forma natural, coerente, emotiva mas sem comoções ou lamechismos. E um cão… adorável.
É impossível não ficar rendido a Truman, tanto o cão como o filme. Na sua pacatez, sensatez e resolução, o bulldog transporta consigo toda a magia do filme. Pontua, conduz e remata de forma soberana toda a ação do filme, coadjuvando talentosamente o evoluir da narrativa e os desempenhos dos (outros) protagonistas.
Ainda que inesperada, Julián (Darin) não podia estar mais contente com a visita surpresa do seu amigo de longa data. Mas Tomás (Javier Cámara) não veio por acaso. Algo verdadeiramente importante obrigou-o a não adiar mais o seu regresso a Madrid.
À medida que vamos conhecendo cada uma das personagens, vamos sendo surpreendidos com pequenos detalhes e pormariores simplesmente deliciosos. A história começa a desenhar-se de forma harmoniosa, balançando entre o humor e o drama de forma natural e coerente. Tudo faz sentido, tudo encaixa na perfeição, e a nós cabe-nos apenas a disponibilidade para nos deixarmos levar.
Um filme que não fica nada a dever aos grandes candidatos aos Oscars deste ano e que devia obrigar a uma reflexão mais extensa dos critérios de seleção dos nomeados aos prémios da Academia.
Muito se falou da origem dos nomeados mas não faria todo o sentido incluir nessa discussão, igualmente, a origem dos filmes? É que cada vez mais há, por esse mundo fora, cinema de incrível qualidade a rivalizar com a indústria norte-americana…. mesmo que nas bilheteiras isso (ainda) não se reflita.
Sim. É desta qualidade de cinema que estamos a falar.
Simplesmente obrigatório!