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“O Primeiro Encontro (Arrival)” de Denis Villeneuve


São filmes como este que justificam os sacrifícios que fazemos para ir ao cinema com ávida regularidade.
Mais do que um filme, Arrival é uma experiência sensorial, intelectual e emocional que nos transporta para lá da nossa mente e da nossa vida mundana.

Denis Villeneuve que muitos reconhecerão de Prisoners e de Sicario, não é propriamente um realizador desconhecido. No entanto, o que a maioria não saberá é que o seu primeiro grande filme dá pelo nome de Incendies, um filme canadiano nomeado ao Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro e que demonstrava todo o talento e capacidade emocional de um cineasta diferente e, por ventura, muito à frente do seu tempo.

Arrival é um filme que se sente, não será tanto um murro no estômago mas, sim, uma obra arrebatadora que nos cozinha em lume branco durante praticamente 1h30 para nos atordoar por completo nos últimos 15m. Apesar das crónicas que vinham antecipando a qualidade do filmes, seria impensável, em função do trailer e pela descrição do filme e do seu conteúdo, esperar algo tão mágico.

Pese embora algo injusta, a comparação com Interstellar é inevitável. E, talvez, com a exceção dos cenários, Arrival bate claramente o filme de Christopher Nolan aos pontos. É verdade que a obra de Villeneuve não aposta tanto na tecnologia, mas em termos humanos – que fundo é o que interessa e o que nos move – é um filme a todos os níveis excecional.

O vazio na barriga é largamente ultrapassado pela explosão de informação que nos ocorre ao cérebro. É para isso que vamos ao cinema. Para sentir, para viver, para sermos surpreendidos e para evoluirmos como seres. Mas estaremos realmente prontos para apreciar algo como Arrival?
A tal sensação de atordoamento que nos invade o corpo ao sair da sala obriga-nos a aceitar a imensa qualidade do filme. Dos próprios efeitos especiais até a um argumento sublime, Arrival promete ficar na mente de todos os espetadores durante largos anos.

Quando a Drª Louise Banks (Adams), uma especialista em linguística, é recrutada pelo exército norte-americano estaria longe de antecipar o impacto dessa decisão na sua vida. Doze naves extraterrestres invadiram a superfície da terra em diferentes pontos do planeta, sem qualquer justificação aparente ou iniciativa. Juntamente com Ian Donnely (Renner), um cientista mais frio aritmético, Louise iniciará um longo processo de contacto com os extra-terrestres, com um único objetivo: estabelecer contacto.
Mas afinal o que pretende? Serão eles seres mais avançados do que nós? Estarão a precisar de ajuda? Terão vindo para nos ajudar ou para nos conquistar? Essas e muitas outros questões serão respondidas ao longo de 2h intensas, imprevisíveis e cujo desenlace deixará todos nós totalmente perplexos.

Ao fim de quase 25 anos a ver cinema é difícil encontrar um filme tão poderoso, com uma mensagem tão grandiosa e uma simplicidade tão exaustiva. Durante dias, meses, anos, acredito que Arrival permanecerá na mente de todos nós. Alguns inquietos pela realidade – ainda que irreal – retratada. Outros constrangidos pela seriedade dos temas, das respostas e pela contundência dos elementos retratados.

Arrival pode muito bem vir a ser o primeiro filme de ficção-cientifica a ganhar o Oscar® de Melhor Filme, enquanto, Amy Adams alcançará, certamente, nova nomeação – a 6ª em 10 anos (de carreira) – e corre o sério risco de ser desta que leva a tão almejada estatueta dourada para casa. O mesmo se aplica, por agora, ao realizador Denis Villeneuve e ao argumentista Eric Heisserer. Já Jeremy Renner, apesar de não alcançar tal brilhantismo, continua a somar pontos, afirmando-se, cada vez mais, como um nome seguro na meca do cinema.

O Oscar® de Melhor filme pode até fugir-lhe mas Arrival é já um vencedor!!

Para quem (ainda) não teve a oportunidade de assistir, cá fica a versão áudio da nossa crítica.

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