Antevisão “Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales” de Joachim Rønning e Espen Sandberg
Catorze anos separam este 5º capítulo da saga Pirates of the Caribbean de The Curse of the Balck Pearl, o filme transcendente que voltou a trazer as aventuras de piratas e marinheiros para as telas de cinema.
Jerry Bruckheimer era, na altura, um autêntico Rei Midas. Tudo em que o produtor tocava era sucesso praticamente garantido. Assim foi durante a trilogia inicial, concluída em 2006 e 2007 com Dead Man’s Chest e At World’s End, todos realizados por Gore Verbinski.
Mas o apelo da saga foi mais forte e chegamos a 2011 e a On Stranger Tides. Johnny Sparrow estava naturalmente de volta, assim como Geoffrey Rush e Kevin McNally. Pelo contrário Keira Knightley e Orlando Bloom tinham concluído as respetivas campanhas nas Caraíbas. No seu lugar, surgiram Penélope Cruz e e os jovens Sam Claflin e Àstrid Bergès-Frisbey.
Apesar de recuperar para a ordem do dia as piratarias de Jack Sparrow, o filme de Rob Marshall tinha dificuldade em trazer algo de diferente, para o franchise e para o género. O pirata mais famoso do século XXI ganhava ainda mais relevância e liberdade para as suas maluqueiras mas a história, em si, não seria tão cativante ou, pelo menso, memorável.
Essa neutralidade atrasou a chegada desta sequela. Mas seria, sempre, uma questão de tempo até voltarmos às Caraíbas.
A cadeira de realizador é surpreendentemente entregue à dupla norueguesa formada por Joachim Rønning e Espen Sandberg. Se o seu percurso já é bizarro, esta aposta ainda mais improvável. Apesar da sua naturalidade, os realizadores iniciaram a carreira no grande ecrãn com Bandidas, o western feminino com Penélope Cruz e Salma Hayke como protagonistas. Seguiram-se duas obras memoráveis no seu país natal, Max Manus e Kon-Tiki (este último nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro). E, depois, Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales. Uma tragetória inesperada mas que não pode nem deve retirar qualquer mérito ou talento aos cineastas noruegueses.
Se atrás das câmaras a opção foi algo inesperada, já o mesmo não se pode dizer entre os protagonistas. Perante a incerteza relativamente à solidez do franchise constata-se o inevitável “toca a reunir”. Para além de Depp e Rush, Knightley e Bloom estão mais do que confirmados – para, de alguma forma, chamar o público da trilogia inicial – acrescentando-se a novidade Javier Bardem e os mais jovens, Kaya Scodelario e Brenton Thwaites. Sangue novo, talento e velhos conhecidos, parece ser a fórmula de sucesso a seguir!
“Esta emocionante aventura encontra o Capitão Jack Sparrow numa maré de azar. Os ventos da má sorte começam a soprar ainda com mais força quando os fantasmas dos marinheiros mortos, liderados pelo terrível Capitão Salazar, escapam do Triângulo do Diabo, empenhados em matar todos os piratas – especialmente Jack. A única esperança de sobrevivência de Jack Sparrow, encontra-se no Tridente de Poseidon, mas para o encontrar tem de criar uma aliança com Carina Smyth, uma brilhante e bonita astrónoma e Henry , um jovem marinheiro da Marinha Real Britânica. Ao leme do Dying Gull, o seu pequeno e humilde navio, Jack Sparrow procura não só reverter a sua maré de azar mas também salvar a própria vida do pior inimigo que já enfrentou.”
Aventura, romance(?), monstros marinhos, piratas ressuscitados e um humor negro, negro, negro a que Johnny Depp e, sobretudo, Jack Sparrow já nos habituou, é o que de melhor o filme tem para oferecer.
Curiosamente, Pirates of the Caribbean chega ao Verão cinematográfico quase como um underdog (ou seja, com as expetativas em baixa). A última década trouxe para a ordem do dia do cinema pipoca, os super-heróis da banda desenhada que ocupam quase a totalidade do tempo de antena dos blockbusters de Verão. São 6, 7 ou 8 filmes por ano dos heróis da Marvel e da DC Comics “contra” 1 filme de piratas cinquentenários.
A concorrência parece desleal mas quando se tem Johnny no elenco não há como não esperar o melhor. A opção por recrutar uma dupla de realizadores desconhecidos (do grande público) mas com experiência no “alto mar”, parece garantir, logo à partida, o sucesso do filme… falta apenas saber até que ponto conseguirão destacar-se da concorrência e, acima de tudo, dos anteriores 4 filmes da série.
Não é só o futuro do franchise que está em causa! É todo um género da “capa e espada” e dos “piratas de perna de pau e pala no olho” que pode estar em jogo, durante pouco mais de 2h. O IMAX 3D promete um festim para os olhos e demais sentidos. Mas é preciso ter bem presente que nos dias de hoje, até o mais inconsequente filme precisa de ter um argumento de qualidade para perdurará para lá do seu fim-de-semana de estreia.
Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias estreia em Portugal a 25 de Maio.